Rafael Rigues
06-11-2012
Aparelho tem uma tela belíssima, processador poderoso, câmera cheia de recursos e excelente autonomia de bateria.
Junto com o primeiro smartphone do mercado nacional com processador Intel (o excelente RAZR i), a Motorola lançou no início de outubro outro aparelho histórico: é o RAZR HD, o primeiro smartphone no Brasil compatível com redes 4G, embora na prática elas ainda estejam fora do alcance do consumidor.
O quarto membro da família RAZR segue o visual sério de seus antecessores, com a frente preta, ângulos retos e traseira em Kevlar. Há algumas mudanças: nas bordas há uma faixa metalizada que lembra o iPhone 4. Toda a tampa traseira (que é fixa) é coberta com kevlar, em vez de apenas uma parte como no RAZR e RAZR MAXX. E não há mais os botões Android (Menu, Home, Back, Search), substituídos por botões virtuais no rodapé da tela quando necessário.
A Motorola adotou no RAZR HD a mesma técnica usada no RAZR i, reduzindo as bordas ao redor da tela para aproveitar melhor o espaço no chassis. No RAZR i ela fez isso para produzir um aparelho menor que antecessores como o RAZR original, mas com uma tela do mesmo tamanho (4.3”). Já no RAZR HD ela fez o inverso: um aparelho com o mesmo tamanho dos antecessores, mas uma tela maior (4.7”).
O RAZR HD (à esquerda) tem o mesmo tamanho do RAZR MAXX, mas tela maior
A tela tem resolução HD (1280x720 pixels, daí o nome do aparelho) e é belíssima. Ela usa tecnologia Super AMOLED, como o Galaxy S III, tem excelente contraste e exibe cores vibrantes. É uma tela sob medida para quem gosta de ver fotos, filmes e de jogar.
Na lateral direita do aparelho você irá encontrar a “bandeja” para o cartão microSIM, que também funciona como tampa do slot para o cartão microSD. Para abrí-la é necessário inserir uma ferramenta (inclusa no aparelho) num pequeno orifício. Logo ao lado da bandeja há um conector microUSB para transferência de dados e recarga da bateria, e um conector micro HDMI para ligação a TVs de alta-definição. Como é tradição nos aparelhos da Motorola o cabo HDMI já vem incluso com o aparelho.
Assim como nos outros RAZR a bateria é fixa. Por dentro o RAZR HD é baseado em um poderoso processador dual-core Qualcomm Snapdragon S4 rodando a 1.5 GHz, acompanhado por 1 GB de RAM e 16 GB de memória interna. Também há uma câmera traseira de 8 MP com flash para fotos, uma câmera frontal de 1.3 MP para videochamadas, Bluetooth 4.0, GPS, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n. Não há Rádio FM, como em muitos smartphones “top” modernos.
Detalhe da bandeja para o microSIM
Software
O RAZR HD roda o Android 4.0.4 com poucas modificações, o que vem se tornando uma tradição nos aparelhos recentes da Motorola. Entre elas há um painel à esquerda da tela inicial, com acesso rápido aos ajustes mais usados (dados, Wi-Fi, GPS, modo avião), e um à direita, que ajuda a criar novas páginas com widgets e ícones de seus apps preferidos. Exatamente como no RAZR i.
Alguns softwares da Motorola como um manual eletrônico (Guide Me) e o Smart Actions vem pré-instalados, além de aplicativos como Facebook, Netflix, o jogo Plants vs. Zombies, uma versão de demonstração do jogo Shrek Kart e o pacote de escritório Quickoffice.
Câmera
No geral a câmera de 8 MP do RAZR HD faz boas fotos, embora existam alguns probleminhas como uma tendência a pouco constraste (o que pode dar uma aparência “sem vida” às fotos feitas em dias nublados ou sob luz indireta, por exemplo) e perda de nitidez nas fotos noturnas sem flash. O ruído nas áreas escuras é mínimo, o que é muito bom.
Amostra de foto sob a luz do dia. Contraste poderia ser um pouco melhor. Clique para ampliar
A câmera é recheada de recursos, entre eles um modo panorâmico, modo “Burst” (que faz seis fotos em rápida sequência, com um toque do obturador) e um modo HDR que processa as cenas e produz excelentes resultados, com imagens com cores mais vivas e boa exposição tanto nas áreas mais claras quanto nas mais escuras. Já tentou fotografar um belo céu azul e se desapontou porque os prédios ficaram pretos? Ou fotografou os prédios e viu o céu sair “branco”? Pois o modo HDR corrige esse problema.
Foto em HDR. Céu e paisagem em equilíbrio. Clique para ampliar
O modo Burst é particularmente útil para fotografar esportes, crianças e animais de estimação, e gera seis fotos de 8 MP cada. Infelizmente o software da câmera não junta as imagens em um só grupo na galeria para facilitar a organização e seleção, nem permite indicar qual a melhor e descartar automaticamente as outras. O que é curioso, já que aparelhos mais antigos da Motorola, como o RAZR MAXX, tem este recurso.
Além das fotos, o RAZR HD também permite gravar vídeos em Full HD (1920 x 1080 pixels). É possível usar o zoom (digital) e tirar fotos enquanto filma.
O modo Burst é ótimo para fotografar animais de estimação
Desempenho e autonomia de bateria
Nos testes com o AnTuTu, nossa ferramenta padrão para benchmark de smartphones Android, o RAZR HD chegou à marca de 6725 pontos. À frente de aparelhos como o Galaxy S II (6136), RAZR MAXX (6322), Galaxy Note (6575) ou Xperia S (6625), mas longe do líder absoluto em desempenho, o Samsung Galaxy S III (com 12045 pontos). Ainda assim, é o segundo aparelho mais rápido que já passou pelas nossas mãos.
Mas no dia-a-dia, a experiência de uso não é muito diferente do Galaxy S III. Abrir vários aplicativos, alternar entre eles, rolar páginas web cheias de imagens, tocar vídeo em alta-definição, tudo isso são coisas que o RAZR HD faz com tanta facilidade quanto o aparelho da Samsung. Também não tivemos nenhum problema para rodar jogos sofisticados, como O Cavaleiro das Trevas Renasce (Gameloft) eReal Racing 2 (Electronic Arts).
Jogos como "O Cavaleiro das Trevas Renasce" (Gameloft) rodam sem problemas
A Motorola anuncia o RAZR HD como “o smartphone para o dia inteiro” e nosso teste de uso típico, realizado ao longo de quatro dias, comprovou isso na prática: conseguimos uma excelente média de quase 19 horas e meia de autonomia com uma única carga de bateria.
É um número digno de aparelhos como o RAZR MAXX, que tem uma bateria maior. Na prática, isso significa que muito provavelmente você não vai precisar se preocupar em recarregar a bateria durante o dia, o que não é muito comum em aparelhos top de linha.
Já no teste de reprodução de vídeo, feito com o aparelho em modo avião e o brilho da tela em 50%, conseguimos uma autonomia de 9 horas e 5 minutos. Outro bom resultado, e melhor que o de concorrentes como o Samsung Galaxy S III (que chegou a 8 horas e 20 minutos).
E o 4G?
Infelizmente não pude testar em detalhes o desempenho ou mesmo a autonomia de bateria do RAZR HD em uma rede 4G. O motivo é simples: não existem redes 4G em operação comercial no Brasil, e as que existem (como as da Claro em Búzios e Parati, no RJ e Campos do Jordão, em SP) operam em caráter experimental, fechadas ao público.
Mas tive um “gostinho” do que é usar o RAZR HD em uma rede 4G durante o evento de lançamento do aparelho: na ocasião a Claro montou uma célula 4G temporária no Jockey Club de São Paulo. Em um teste rápido com o Speedtest.net, um popular serviço para medição de banda, consegui velocidades de download de até 57 Mb/s (Megabits por segundo, o equivalente a cerca de 7.2 Megabytes por segundo). Algo quase inacreditável para quem está acostumado a uma média de 1 Mb/s numa rede 3G na mesma cidade.
Teste de velocidade em 4G. Clique para ampliar
Isso não quer dizer que todo mundo vai navegar a 57 Mb/s quando as redes 4G entrarem em operação. Existe uma enorme diferença entre uma célula experimental instalada num espaço aberto e com no máximo uma dúzia de aparelhos conectados a ela e uma rede comercial, em um local cheio de prédios como a Av. Paulista e milhares de usuários conectados ao mesmo tempo tentando mandar fotos para o Instagram ou ler mensagens no Facebook.
O que meu teste rápido mostrou é que o RAZR HD tem, sim, o potencial para cumprir a promessa de altíssima velocidade de uma rede 4G. Se as redes vão fazer sua parte, oferecendo banda suficiente para que os aparelhos possam atingir este potencial, é outra história.
Veredito
O RAZR HD é um excelente aparelho. No momento você não deve comprá-lo só por causa do 4G, já que não há redes abertas ao público e elas devem entrar em operação só em Abril de 2013, inicialmente nas cidades-sede da Copa das Confederações. Se você mora em outra cidade, pode ter de esperar ainda mais para experimentar a próxima geração da internet móvel.
Em vez disso, compre-o se quiser um aparelho com uma bela tela, um processador poderoso, uma câmera cheia de recursos ou uma excelente autonomia de bateria. O preço sugerido no lançamento era de R$ 1.999 (sem subsídios ou planos com uma operadora), mas já é possível encontrá-lo em grandes varejistas por cerca de R$ 1.700.
UOL Notícias
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