sábado, 29 de setembro de 2012

Veja repercussão da morte de Hebe Camargo


Hebe Camargo (Foto: globo news)Artistas e políticos publicaram mensagens em redes sociais e divulgaram notas para lamentar a morte da apresentadora Hebe Camargo, que morreu neste sábado (29) em São Paulo, aos 83 anos, vítima de parada cardíaca.
Hebe ficou internada por quase duas semanas, em julho, no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, para “tratamento de suporte nutricional e metabólico”. Nos últimos dois anos, a apresentadora passou por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer.
Veja a repercussão:
ADRIANE GALISTEU – a apresentadora deixou sua homenagem à Hebe no Twitter: “sem palavras. Luto à melhor. Minha inspiração, minha amiga querida, meu amor. Hebe para sempre! Para sempre vou te amar. Que falta você vai fazer”.
AGUINALDO SILVA – o autor escreveu uma homenagem para Hebe no seu blog oficial. Confira um trecho da mensagem: “Hebe Carmargo Ravagnani, mais do que uma cantora e apresentadora, tornou-se uma espécie de história viva da televisão brasileira, da qual participou, sempre como uma grande estrela, em todas as suas fases. Agora ela se foi, e não há muito mais a dizer sobre ela, a não ser que a amávamos todos, que a tínhamos como um exemplo e um modelo de vida. Hebe foi – e será para sempre – uma espécie de guia para muita gente boa que veio depois dela e hoje brilha”.

ANA MARIA BRAGA – a apresentadora publicou no microblog uma homenagem à Hebe direto de Portugal: “os amigos do sorriso da TV brasileira, Hebe, choram a estrela que se vai. Saudade. De Portugal, aonde vim trabalhar, estou dolorida na alma”.

ANGÉLICA – a apresentadora lamentou a morte de Hebe no Twitter. “Que tristeza! Minha amada Hebe Camargo vai deixar muita saudade! Luz e paz, querida! Sua alegria de viver sempre foi um exemplo!”

DANIEL – o cantor lamentou a morte de Hebe. “É uma perda irreparável para todos nós. É um momento, inclusive, em que faltam palavras para expressar o que sentimos no nosso coração. A Hebe fazia parte do meu convívio. Eu tive a honra de conhecê-la há muitos anos. Eu me considerava como parte integrante da família. Além da consideração, do respeito mútuo, da energia positiva que ela sempre transmitiu, ela era um exemplo de ser humano, da força de vontade e da garra. O Brasil perde com a partida de Hebe”.

FÁTIMA BERNARDES – a jornalista escreveu uma homenagem à apresentadora no microblog. “Não tive a chance de conviver com a Hebe. Mas tinha toda a minha admiração. Um exemplo”.

GILBERTO KASSAB – o prefeito de São Paulo divulgou nota à imprensa sobre a morte de Hebe: “é com muito pesar que recebemos a notícia da morte de Hebe Camargo. Dona de um imenso talento artístico, Hebe se destacou como uma referência em seu trabalho de apresentadora. Sem perder o seu característico bom humor, demonstrou em sua trajetória de sucesso a coragem de defender posições firmes em favor de causas nobres. Uma mulher de grande personalidade e de carisma indiscutível. Deixa um exemplo a ser seguido. Desejo paz para sua família, fãs e amigos neste momento tão triste para todos nós”.

GLÓRIA PEREZ – a autora de novelas publicou mensagem no Twitter para homenagear a apresentadora: “Hebe Camargo: o Brasil fica muito mais triste sem você”.

IRENE RAVACHE – a atriz comentou a morte de Hebe e disse que o Brasil perde com a sua morte. “O Brasil está triste. A sensação que eu tenho é que, hoje, todas as televisões são uma só, todas as rádios são uma só, todos os meios de comunicação são um só. Estamos perdendo uma mulher que é um marco dentro da televisão da brasileira. Ela é a cara da TV brasileira, é uma chancela para a nossa profissão. Nos acostumamos a tê-la não como uma figura pública, mas como uma de nós. Não estou perdendo apenas uma colega e amiga. Estou perdendo alguém da família. E acho que esse é um sentimento que está nos igualando a todos”.
JÔ SOARES – o apresentador disse que Hebe vai deixar muita saudade. “Era quase uma morte anunciada porque ela já estava lutando contra a doença, sempre com o ânimo muito forte. Mas enfim, a gente sempre se surpreende quando chega o inevitável. Ela vai deixar muita saudade, era uma personalidade brilhante. Uma vez, eu fui intérprete de uma entrevista dela com várias pessoas. E todas se referiam a ela como uma grande senhora, uma grande estrela. Independente da idade, ela vai deixar saudade no que fazia e da maneira sempre carinhosa com que ela fazia (...) Ela realmente tinha uma certeza do que fazia que era sensacional. Ela estava acima do bem e do mal”.

JOSÉ SARNEY – o presidente do Senado lamentou a morte da apresentadora. “Hebe Camargo foi uma figura que ocupou de maneira marcante algumas décadas da vida artística brasileira, com uma grande vivência, grande sensibilidade para o gosto popular e, ao mesmo tempo, com inteligência e competência. Foi uma presença marcante. Só temos que lamentar. Uma figura como ela deixa um vazio que não se preenche com facilidade. E ao mesmo tempo temos que ressaltar o exemplo de vida, pois nos últimos tempos mostrou resistência sem abandonar o gosto pela sua profissão”.

LOLITA RODRIGUES – atriz e uma das melhores amigas de Hebe se emocionou ao falar da apresentadora. “Eu nem sei o que falar. Eu estive com ela há um mês. Ela ainda estava no hospital. Ela estava muito triste, e eu fiquei muito admirada porque a Hebe era a alegria em pessoa. Ali, eu tive certeza de que nada mais era... Mas a gente sempre tem uma esperança. Era esperado, mas dói muito. Perder um amigo sempre dói muito”.
LUCIANO HUCK – no Facebook, o apresentador postou uma foto com Hebe e Angélica com a seguinte mensagem: “de uma lucidez e inteligência gigantescas, um bom humor inoxidável, um carinho que transbordava, uma fidelidade canina e a prática incansável de pequenos gestos de amizade, esta era a amiga Hebe. Perdemos uma amiga querida, por quem tínhamos muito amor e respeito. Perde a televisão brasileira. Ganha a história do entretenimento no Brasil, o ponto final do capítulo de uma das suas maiores protagonistas. Vá em paz, querida Hebe. Estamos muito tristes”.

LULA E MARISA LETÍCIA – o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher divulgaram uma nota de pesar: "Hebe Camargo, com sua simpatia e carisma, conquistou a admiração de gerações de brasileiros e deu uma contribuição inigualável para a história da televisão no nosso país. A sua alegria de viver ficará para sempre na nossa memória. Nessa hora de tristeza, estendemos nossa solidariedade a sua família, amigos e fãs.”

MARCOS DE MAGALHÃES – o maquiador pessoal de Hebe disse que a apresentadora era uma pessoa muito alegre. “Ela era uma pessoa alegre, uma pessoa feliz, uma pessoa adorável. Ela nunca reclamava de nada, sempre estava tudo muito bom”.
MARTA SUPLICY – a ministra da Cultura divulgou uma nota de pesar: “hoje estamos todos de luto: familiares, amigos e fãs de Hebe Camargo. Hebe é um marco na nossa cultura de rádio e televisão. Admirava a apresentadora, a mulher e a guerreira. Durante toda a sua vida, com seu jeito espontâneo de ser, Hebe trouxe alegria a milhões de pessoas. Nos últimos anos, continuou um exemplo de otimismo, mesmo diante de uma doença tão dura. Fica a lembrança de uma vencedora, que conduziu a vida como queria”.

MIGUEL FALABELLA – o ator disse que a Hebe era a maior de todas as estrelas. “Lembro da primeira vez que estive no programa. Eu estava começando a carreira de diretor e ela foi encantadora. Ela tinha um carinho enorme pelos entrevistados. Eu saí do programa totalmente conquistado. Lembro que ela me deu um tapete de presente. E isso é inesquecível, tenho essa lembrança muito forte. O Brasil inteiro perde uma amiga”, lembra Falabella.

OLACYR DE MORAES - empresário e amigo de Hebe disse que a apresentadora não esperava morrer: “pegou todo mundo de surpresa. Foi uma morte repentina. Ela não esperava morrer, tanto que tinha assinado contrato com o SBT. Ela tinha muita vontade de viver”.
PAULA TOLLER – no Twitter, a cantora lamentou a morte de Hebe: “a Hebe apertava minha mão com força, com carinho de verdade. A gente se vestia para ela, se embelezava para ela ficar contente. Ela entendia tudo sem a gente precisar explicar. Que mulher espetacular morreu hoje.”

PAULO MALUF – deputado federal pelo PP de São Paulo disse que está triste pois conviveu com a apresentadora durante "45 longos anos" da sua vida. "Uma mulher estupenda, corajosa, e uma entrevistadora franca e leal. Vai deixar muitas saudades. O exemplo dela foi dignificante", disse o político. Hebe era eleitora declarada de Maluf.

REGINA CASÉ – a apresentadora lamentou no Twitter a morte de Hebe: “Só agora soube que a Hebe voltou para o Olimpo onde sempre estará servindo ambrosia, o néctar dos deuses, fonte da eterna juventude! VIVA HEBE! Sempre me impressionou que na mitologia grega 'Hebe' fosse a deusa da eterna juventude! E a gente teve a sorte de conviver com essa deusa!”

RITA LEE – a cantora publicou uma mensagem no Twitter para a Hebe: “minha vida sem a gargalhada de Hebe sempre por perto não vai ter graça”.

SÉRGIO CABRAL – o governador do Rio de Janeiro divulgou uma nota lamentando a morte da apresentadora: “Hebe era sinônimo da alegria de viver. Deixa um vazio nas noites da televisão brasileira”.

SERGINHO GROISMAN – o apresentador deixou uma mensagem no Twitter: “Hebe: muito triste. Sempre brindou a favor da vida e da alegria”.

SUSANA VIEIRA – no Twitter, a atriz escreveu: “perdemos a grande diva da televisão brasileira. Descanse em paz, querida Hebe”.

TIRIRICA – o deputado federal (PR-SP) disse, por meio da assessoria de imprensa, que ficou emocionado. “Foi um choque. É uma tristeza muito grande para mim e para o país”, disse. Ele relembrou que trabalhou com a apresentadora e que chegou a contracenar com ela. “Lembro dela como uma pessoa alegre e corajosa. Estou muito triste.”
G1

Hebe Camargo morre aos 83 anos em SP


A apresentadora Hebe Camargo morreu em São Paulo, neste sábado (29), aos 83 anos. Ela lutava contra o câncer desde 2010 e morreu, segundo a assessoria do SBT, após sofrer uma parada cardíaca, ao se deitar para dormir, nesta madrugada.
Hebe é um dos maiores ícones da televisão brasileira e ficou internada pela última vez por quase duas semanas em agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Nos últimos dois anos passou por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer.
O velório será realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, no Morumbi, a partir das 18h deste sábado. Já o sepultamento está marcado para as 9h30 deste domingo (30), no cemitério Gethsemani, segundo funcionários do local.
A morte da diva causa repercussão entre artistas e políticos brasileiros nesta tarde. A apresentadora Ana Maria Braga publicou no Twitter uma homenagem: “Os amigos do Sorriso da TV brasileira, Hebe, choram a Estrela que se vai. Saudade”, escreveu."Uma mulher estupenda, corajosa, e uma entrevistadora franca e leal. Vai deixar muitas saudades. O exemplo dela foi dignificante", declarou o deputado federal pelo PP de São Paulo, Paulo Maluf.

Em mais de 60 anos de história na televisão brasileira, a apresentadora tinha um estilo próprio de entrevistar as pessoas. Ela se tornou popular com a expressão “gracinha”, usada para elogiar convidados. Outra marca registrada de Hebe era dar selinhos nos entrevistados que passavam por seu famoso sofá.
“Estamos perdendo uma mulher que é um marco da televisão brasileira (...). Nos acostumamos a tê-la como uma de nós”, disse a atriz Irene Ravache, completando que estar com Hebe era "uma festa".
Biografia
Nascida em Taubaté (SP), a 130 km da capital, Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani começou a carreira cantando. Entrou para a TV logo após a fundação da primeira emissora brasileira, a TV Tupi, onde ela fazia aparições nos programas como cantora.

Estreou como apresentadora em 1955, no programa “O mundo é das mulheres”, na TV Carioca, a primeira atração voltada especialmente para mulheres. Antes disso, havia substituído Ary Barroso no programa de calouros apresentado por ele.
Depois disso, a apresentadora ficou afastada da TV por um período, até que em 1966 estreou o dominical que levava seu nome na TV Record. A atração contava com o músico
Caçulinha e era líder de audiência. Foi responsável por dar espaço para novos talentos ligados à Jovem Guarda.

Para dedicar-se ao filho, Hebe ficou afastada da televisão por cerca de dez anos, quando voltou a aparecer na TV Bandeirantes. Em 1985, aceitou o convite do SBT para comandar uma atração na emissora. Em quatro de março de 1986, entrava no ar o “Programa Hebe”, comandado por ela até 2010. Em dezembro do mesmo ano, Hebe assinou contrato com a RedeTV e estreou na emissora em março de 2011, onde ficou até este mês, quando acertou retorno ao SBT.
Segundo a assessoria do SBT, ela estava muito feliz com a volta à emissora.
Carreira musical
Famosa como apresentadora, ela não deixou de lado a carreira musical. Após lançar três discos entre 1959 e 1966, compilou suas canções mais conhecidas no CD “Maiores sucessos”, de 1995. Depois, lançou mais quatro discos. "Pra você" (1998), "Como é grande meu amor por você" (2001), "As mais gostosas da Hebe" (2007) e "Hebe mulher" (2010, ano em que participou do Grammy Latino).

O último álbum da carreira contou com participações de Daniel Boaventura e Roberto Carlos. Em todos os discos, o repertório foi abastecido por canções românticas.
'Morrer feliz da vida'
A apresentadora foi diagnosticada com câncer no peritônio, membrana que envolve os órgãos do aparelho digestivo, em janeiro de 2010. Em sua primeira gravação após 12 dias internada para a retirada de nódulos e para o início do tratamento quimioterápico, Hebe mostrou gratidão com fãs e celebridades que a apoiaram. “Posso até morrer daqui a pouco, que vou morrer feliz da vida”, comentou em março de 2010, ainda no SBT.

Na ocasião, Hebe subiu ao palco ao som de Ivete Sangalo, Ney Matogrosso, Leonardo e Maria Rita cantando juntos. “Vocês são a causa disso tudo. Me colocaram nesse pedestal que eu não mereço. É impossível encontrar palavras para descrever esse momento”, disse para a plateia. Depois, entoou “Ó nóis aqui traveis”, samba do grupo Demônios da Garoa.
Novas internações
Em setembro de 2011, Hebe iniciou um novo tratamento contra o câncer, com sessões de quimioterapia preventivas. "Não estou doente, apenas continuo me tratando pra poder ficar com vocês muito tempo ainda", disse. Por conta do retorno ao tratamento, ela havia voltado a perder cabelo e, consequentemente, a usar perucas.

"Evidentemente, todo remédio forte causa algum problema. O meu problema é que eu, de novo, fiquei carequinha. Eu não estou careca, mas quase. Então, evidentemente, estou de peruca", afirmou, em comunicado enviado à imprensa. Ela ainda brincou, referindo-se ao ator Reynaldo Gianecchini, que fazia um tratamento contra um câncer no sistema linfático. "Vou sair linda, igual ao Reynaldo Gianecchini”, disse.

Nos últimos dois anos, Hebe passou por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer. Em janeiro de 2010, a apresentadora ficou 12 dias internada para retirada de nódulos na região do peritônio e iniciou tratamento quimioterápico. Em 2011, fez novas sessões de quimioterapia preventivas. Em março de 2012, passou por uma cirurgia de emergência para retirar um tumor que causava obstrução intestinal, ficando 13 dias no hospital. Em junho, realizou uma nova cirurgia de emergência para retirada da vesícula. No mês de julho, segundo o sobrinho Claudio Pessutti, ficou internada por cinco dias para a realização de exames.

G1

Há 20 anos, Fernando Collor de Mello sofria processo de impeachment


collor (Foto: Sergio Lima/ABr)Há exatos 20 anos, o Brasil assistiu à abertura do processo de impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, aprovado por 441 votos na Câmara dos Deputados. Collor foi o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto após o regime militar, ao derrotar em segundo turno o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
As primeiras denúncias contra Collor surgiram após os 100 primeiros dias de mandato e diziam respeito a um esquema de corrupção montado pelo ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias – conhecido como PC Farias. As denúncias, intensamente divulgadas pela imprensa, culminaram com a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito, a CPI do PC.
As denúncias de corrupção, associadas ao desgaste do então presidente em função da implementação de planos de estabilização da economia, levaram mais tarde à mobilização popular e à aprovação do pedido de impeachment. Os planos econômicos, chamados de Collor I e Collor II, consistiam basicamente em tentar controlar a inflação, que já vinha alta desde o governo anterior de José Sarney. No primeiro momento os planos surtiram efeito, mas o confisco do dinheiro da população nos bancos e a volta da alta da inflação começaram a provocar insatisfação do povo com o presidente.
Muitas empresas e até pessoas físicas faliram quando o governo determinou que todas as contas bancárias poderiam ter saldo máximo de Cr$ 50 mil (cinquenta mil cruzeiros, a moeda da época). Impedidos de arcar com os compromissos financeiros, os empresários foram os primeiros a abandonar o apoio a Collor. Além disso, denúncias como as de desvio de dinheiro público para a construção dos jardins na residência oficial, chamada de Casa da Dinda, e o pagamento de vultosas despesas do casal presidencial, com dinheiro das empresas de PC Farias, levaram o povo às ruas pedindo a saída do presidente.
Duas entrevistas foram determinantes para a mobilização popular. Primeiro o irmão do presidente, Pedro Collor, à revista Veja, denunciando o chamado esquema PC e o desvio de verbas públicas para as empresas do ex-tesoureiro de campanha. Depois, o motorista Francisco Eriberto França confirmou à revista Isto É ter feito pagamentos para Fernando Collor e sua esposa, Rosane Collor, com cheques e valores que buscava nas empresas de PC Farias.
A conclusão dos trabalhos da CPI do PC, com relatório que considerou as denúncias procedentes, foi outro fator que incentivou a mobilização popular. O movimento Fora Collor era formado principalmente por estudantes, os chamados "Caras Pintadas", e por mais pessoas ligadas às universidades, os professores. Diante do clamor da sociedade civil, os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavanère, e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, entregaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, o pedido de impeachment com mais de 20 mil assinaturas.
Pinheiro acolheu o pedido e designou o então deputado Nelson Jobim como relator, que posteriormente apresentou parecer favorável ao impedimento do presidente da República de prosseguir no mandato. No dia 29 de setembro de 1992, Ibsen Pinheiro abriu a sessão de votação pelo impeachment de Fernando Collor de Melo em um Congresso Nacional cercado por milhares de manifestantes Caras Pintadas. Com 441 votos favoráveis, 38 contrários, 23 ausências e 1 abstenção, a Câmara dos Deputados decidiu pelo afastamento imediato do presidente da República de suas funções e autorizou o Senado Federal a abrir processo de cassação de mandato e dos direitos políticos.
No dia 2 de outubro, Collor foi comunicado de seu afastamento temporário pelo período que durasse o processo de impeachment e o então vice-presidente da República, Itamar Franco, assumiu o cargo. Itamar permaneceria na cadeira presidencial até o fim do mandato, em 1994. A cassação de Fernando Collor de Melo foi confirmada por 76 votos favoráveis e dois contrários no Senado Federal, em 29 de dezembro de 1992. O ex-presidente ainda tentou uma manobra para evitar a perda de seus direitos políticos. Depois de aberta a sessão no Senado, o advogado de defesa de Collor, José Moura Rocha, apresentou aos senadores a carta de renúncia dele. A tentativa, no entanto, foi em vão, e a cassação foi confirmada.
Em 1994, o ex-presidente foi absolvido no Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de corrupção passiva por falta de provas. A absolvição na ação penal, entretanto, não o livrou da suspensão dos direitos políticos por oito anos, a contar da data do que seria o término do seu mandato presidencial, em 1994. Collor voltou à cena política do país apenas em 2002, quando tentou se eleger governador de seu estado, Alagoas, mas foi derrotado. Em 2006, ele se elegeu senador e passou a ocupar uma cadeira no plenário que cassou seus direitos políticos. Em 2010, o senador Collor tentou novamente governar seu estado, mas ficou em terceiro lugar nas eleições. O mandato dele no Senado termina em fevereiro de 2015.
AS
Revista Época

"Não me esquecerei de rezar por vós", diz Papa em Castel Gandolfo


Jéssica Marçal
Da Redação


Rádio Vaticano
O Papa Bento XVI reunido com autoridades civis e religiosas de Castel Gandolfo que representaram a comunidade local
Na manhã deste sábado, 29, o Papa Bento XVI recebeu as delegações do município de Castel Gandolfo, as autoridades civis e militares, comunidades religiosas e funcionários das vilas pontifícias, que garantiram os serviços prestados durante sua estadia no local no período de verão. Em seu discurso dirigido à comunidade local, o Pontífice disse que não se esquecerá de rezar por todas as pessoas da pequena cidade.

Acesse
.: NA ÍNTEGRA: Discurso do Papa à comunidade de Castel Gandolfo – 29/09/2012


“Eu não me esquecerei de rezar por vós e pelas vossas intenções, e confio que vós fareis o mesmo”.

Bento XVI lembrou que, durante o verão, Castel Gandolfo se confirma como a “segunda casa” do Bispo de Roma. Ele contou que o período passado no local permitu que ele vivesse em tempo de estudo, oração e repouso.

Durante sua estadia em Castel Gandolfo, o Papa pôde notar com admiração a preocupação e o cuidado das pessoas que se empenharam em garantir a ele e a seus colaboradores assistência a hospitalidade. Por isso, o Papa agradeceu a todos.

“Expresso minha profunda gratidão a todos e a cada um pela dedicação abundante ao longo desses meses”, agradeceu.

O Santo Padre saudou o bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro, o pároco de Castel Gandolfo e todos seus colaboradores. “Convido-vos todos a continuarem a fazerem-me sentir a vossa proximidade espiritual também depois da minha partida, assim como aconteceu neste período de minha permanência”.

Por fim, Bento XVI afirmou que a melhor forma de lembrança é a oração. Confiando todos os presentes à Virgem Maria, que com seu “olhar amável” acompanha e sustenta os fiéis no caminho da justiça e da paz, o Papa concedeu a todos a Benção Apostólica.

O Papa retorna ao Vaticano na segunda-feira, 1º, para presidir as celebrações programadas para outubro.

Canção Nova

Começa o julgamento de ex-mordomo de Bento XVI no Vaticano


julgamento de Paolo Gabriele (Foto: L'Osservatore Romano/AP)O julgamento de Paolo Gabriele, ex-mordomo do papa, e do técnico em informática do Vaticano, Claudio Sciarpelletti, pelo roubo e difusão de centenas de documentos de Bento XVI começou neste sábado no Vaticano, em meio a uma grande expectativa.
Gabriele está presente nesta primeira audiência, que não tem tempo de duração definida, assim como todo o julgamento. O presidente do Tribunal é Giuseppe della Torre, e também fazem parte do processo os juízes Paolo Papanti Pelletier e Venerando Marano.
O julgamento começou com muitas dúvidas, já que esta é a primeira vez que o Estado da Cidade do Vaticano enfrenta um processo penal desta envergadura. Gabriele pode ser condenado a até quatro anos de prisão e o técnico Claudio Sciarpelletti, acusado de acobertamento, pode ser condenado a um máximo de um ano.
Embora o ex-mordomo já tenha se declarado culpado, isso não influenciará os juízes, já que ele pode estar fazendo isso para encobrir outras pessoas, disseram fontes judiciais do Vaticano. O papa, como chefe soberano do Vaticano, pode exercer em qualquer momento sua prerrogativa de perdoar o mordomo, mas se não fez isso até agora é sinal de que espera que o julgamento vá até o final.
Durante o julgamento podem ser chamadas várias testemunhas, já que na investigação aparecem eventuais cúmplices que se ocultam sob as letras "B" (aparentemente um sacerdote espiritual de Gabriele), "X" e "W".
Não se descarta também que possa ser chamado o secretário particular do papa, Georg Ganswein, de cujo escritório durante vários anos Gabriele roubou e copiou os documentos secretos.
O escândalo do vazamento de documentos do papa e da Santa Sé, conhecido como "Vatileak", veio à tona no início desse ano, quando uma televisão italiana revelou cartas enviadas a Bento XVI pelo núncio nos EUA, o arcebispo Carlo Maria Viganó, nas quais ele denunciava a "corrupção, prevaricação e má gestão" na administração do Vaticano.
Em 19 de maio foi publicado um livro com uma centena de novos documentos secretos do Vaticano que revelam supostas tramas e intrigas no pequeno Estado, e no dia 24 de maio Gabriele foi detido. Sciarpelletti foi preso um dia depois, mas 24 horas depois foi liberado. "Paoleto" ficou 53 dias detido, até ser colocado em prisão domiciliar.
AS
Revista Época

Apple pede desculpas por falhas do novo sistema de mapas do iOS 6


Tim Cook, CEO da Apple, durante apresentação do iPhone 5, em 12 de setembro de 2012 (Foto: AP Photo/Jeff Chiu)Tim Cook, CEO da Apple, publicou nesta sexta-feira (28) no site oficial da companhia uma carta de desculpas pelas falhas do novo sistema de mapas do sistema operacional iOS 6, lançado em 19 de setembro. "Estamos extremamente tristes com a frustração que isso causou aos nossos clientes e estamos fazendo tudo que podemos para tornar o Maps melhor", afirmou.
O executivo revelou que mais de 100 milhões de aparelhos já estão usando o novo iOS e, consequentemente, os novos mapas da Apple. Em pouco mais de uma semana, já foram buscados quase meio bilhão de locais no sistema. "Quanto mais nossos clientes usam o nosso Maps, melhor ele vai ficar. Nós apreciamos muito todos os comentários que temos recebidos de vocês", disse Cook.
Enquanto a Apple melhora o novo sistema de mapas, o CEO sugere o uso de aplicativos alternativos disponíveis na App Store, como o Bing, o MapQuest e o Waze. "Ou você pode usar os mapas do Google ou da Nokia, acessando seus sites e até criando um ícone para eles na tela principal do seu aparelho", afirmou.
Na última versão do sistema operacional - utilizado em iPhones, iPads e iPods -, a Apple optou por não usar mais o aplicativo de mapas do Google e construir um sistema próprio. Mas a novidade tem causado revolta entre os usuários, que reclamam de diversas falhas no serviço. Eric Schmidt, ex-CEO do Google e atual membro do conselho executivo, também se pronunciou recentemente, dizendo que a decisão da Apple em deixar de usar o Google Maps foi um erro.
"Tudo o que fazemos na Apple é com o objetivo de tornar os nossos produtos os melhores do mundo", disse Tim Cook no fim da carta. "Nós sabemos que vocês esperam isso de nós, e nós vamos continuar trabalhando sem parar até que o Maps tenha o mesmo padrão incrivelmente alto".
EK
Revista Época

Protecionismo sem retoques


dilma destaque (Foto: Richard Drew/AP)A estratégia de repetir uma mentira inúmeras vezes até que ela se transforme numa verdade, levada ao limite na Alemanha por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, continua a conquistar adeptos ainda hoje em todo o planeta e agora parece ressurgir também no Brasil. O exemplo mais recente veio embutido no discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada na semana passada, em Nova York – em especial, no capítulo em que ela procurou defender o país das graves acusações de protecionismo econômico que se multiplicaram nos últimos tempos.
Contra todas as evidências, Dilma voltou a afirmar que as medidas de restrição às importações têm sido “injustamente classificadas” de protecionistas e foram adotadas em “legítima defesa comercial”, conforme as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece uma alíquota máxima de 35% para os produtos importados. Em tom de palanque, Dilma recorreu mais uma vez à tese de que essas medidas são necessárias para o Brasil enfrentar o “tsunami monetário” provocado pelos bancos centrais dos países desenvolvidos, que têm injetado bilhões de dólares na economia, com o objetivo de estimular o crescimento e deixar a crise para trás. Segundo ela, isso produz uma desvalorização “artificial” no câmbio e aumenta de forma “espúria e fraudulenta” a competitividade dos países desenvolvidos, em prejuízo do Brasil e de outros mercados emergentes.
Apesar de o governo insistir nessa versão, ela não resiste à dura prova da realidade. Já são tantas as medidas punitivas impostas contra os importados que ficou difícil até manter atualizada a lista dos setores e produtos em que isso está ocorrendo. Do petróleo aos brinquedos, o protecionismo se espalhou por toda a economia. No setor de veículos, cujas regras foram alteradas sem aviso prévio, multiplicam-se as perdas de importadores e distribuidores, que investiram pesado para se estabelecer no país. Recentemente, o governo anunciou o aumento dos impostos sobre mais 100 produtos do exterior. Uma nova lista de restrições é esperada para outubro. Em vez de o governo estimular o aumento da concorrência, para favorecer o consumidor, o mais relevante agora é o tal do “conteúdo nacional” – um eufemismo para a velha reserva de mercado, que levou o Brasil a produzir durante décadas carros considerados como “carroças” e a se transformar no campeão mundial do contrabando de equipamentos de informática.
Diante deste quadro hostil, a imagem do país no exterior vem perdendo muito de seu charme. Nos últimos meses, o México tomou do Brasil a posição de país preferido pelos investidores internacionais na América Latina. Na semana passada, ao desembarcar no Brasil para uma visita oficial, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, reforçou as críticas externas contra o protecionismo no país. Uma semana antes, o representante de comércio dos EUA, Ron Kirk, divulgou uma carta em que fazia críticas pesadas ao Brasil e sugeria que poderá haver uma retaliação americana, se as restrições às importações não forem revistas. Até a OMC, cujas normas o governo diz respeitar, já se manifestou contra as medidas adotadas pelo país.
Embora o governo justifique as restrições com base em questões conjunturais, muitos analistas e investidores desconfiam de que elas têm raízes ideológicas e pouco ou nada tem a ver com a crise atual. Até porque, até agora, o “tsunami” tão temido em Brasília ainda não se concretizou. Em vez da inundação de dólares e euros que atingiria o país, provocando uma valorização acentuada do real e prejudicando as nossas exportações, o que houve, de fato, foi uma “estiagem monetária”. A certa altura, faltou até moeda forte na praça. O Banco Central, que vinha forçando a desvalorização da moeda brasileira, em linha com as diretrizes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou até a vender dólares no mercado futuro para evitar uma desvalorização “excessiva” do real, que alcançou R$ 2,11 por dólar, e evitar reflexos negativos na inflação -- hoje, a cotação está em R$ 2.
Enquanto países da América Latina como Chile, Colômbia, Peru e México abrem cada vez mais suas fronteiras ao comércio global, com claros benefícios para o crescimento e a eficiência da economia, o Brasil prefere trilhar o caminho oposto – e, pior, fazendo o que pode para o mundo acreditar que isso não está acontecendo. Ao aumentar as barreiras aos importados, o Brasil se aproxima, ainda que em versão light, dos bolivarianos da Venezuela, da Bolívia, do Equador e – por que não? – também da Argentina, onde o protecionismo vem provocando uma fuga em massa de grandes grifes internacionais. É disso que se trata. O resto não passa de um jogo inútil de palavras, no qual nem inglês acredita.
Revista Época

Feliz com pouco, feliz com muito


CRISTIANE SEGATTO  Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é cristianes@edglobo. (Foto: ÉPOCA)Quem me disse foi um analfabeto, mas poderia ter sido um estudioso das relações humanas: “Quando a gente entra num posto de saúde e é recebido com um rosto de riso, até o sentimento da gente muda. Atenção é uma coisa poderosa”.
Grande, Seu Abelardo! Tive o prazer de conhecê-lo há algumas semanas durante uma reportagem que fazíamos em Arco-Íris, uma cidadezinha de 1,9 mil habitantes no interior de São Paulo. 
Arco-Íris é o município brasileiro que oferece os melhores serviços de saúde pública, segundo uma avaliação do Ministério da Saúde. A reportagem de ÉPOCA chega às bancas no sábado (29).
Chegamos de mansinho, pedindo licença e tentando acalmar os vira-latas que vivem com Abelardo Nunes Magalhães e a mulher, Maria, no sítio do Bairro Toledinho.
Fomos recebidos com sorrisos e curiosidade.

Queríamos acompanhar o trabalho da agente de saúde Teresa Lopes e da auxiliar de enfermagem Suselaine Tozzi. Elas fazem parte do Programa de Saúde da Família (PSF) de Arco-Íris.
Para que a saúde pública de uma cidade seja boa, é preciso investimento e comprometimento de toda a cadeia de profissionais necessários para que o sistema funcione bem (da pessoa que tem o primeiro contato com o paciente até o prefeito).  
Isso é fato, mas ninguém tem tanta capacidade de transformar trajetórias individuais e, de uma em uma, mudar a qualidade de vida de uma população quanto o agente de saúde. Ele percorre as casas, conhece cada morador, leva informações, cuida da saúde e ajuda a organizar a vida.
O PSF de Arco-Íris mereceu nota dez na avaliação do Ministério da Saúde. E despertou minha curiosidade. Por isso, fomos até lá. Na casinha de madeira de Seu Abelardo tive a certeza de que atenção, cuidado, envolvimento devem vir em primeiro lugar em qualquer tentativa de melhorar a saúde de uma população.
A agente de saúde Teresa (em pé) e a auxiliar de enfermagem Suselaine atendem Abelardo no sítio onde ele mora em Arco-Íris, no interior de São Paulo. (Foto: Marcelo Min)
Teresa Lopes é agente de saúde em Arco-Íris há 11 anos. Uma vez por mês, visita Abelardo e Maria para checar se o hipertenso e a diabética estão tomando os remédios direitinho. Num dos encontros, Abelardo reclamou de dor na virilha esquerda.  
Assim que voltou ao único centro de saúde da cidade, Teresa agendou uma consulta com a médica. Na mesma semana, Abelardo foi visto por ela e encaminhado para uma cirurgia de hérnia em Tupã, uma cidade vizinha.  
Quando o visitei, a auxiliar de enfermagem Suselaine cuidava do curativo enquanto Teresa pedia que ele tomasse o antihipertensivo. Abelardo elogiava a atenção que recebia das meninas e o sistema de saúde da cidade e repetia: “Arco-Íris é um pedacinho do céu”.  
Há muito tempo não via uma pessoa demonstrar tanta felicidade, apesar de viver com tão pouco. Uma casinha de madeira, um poço, uma horta. Um cafezinho de garrafa térmica, uma conversa leve, sem pressa. 
Saí com a certeza de que Abelardo e Maria não são felizes com pouco. São felizes com muito.Vivem uma relação harmoniosa, companheira, têm o necessário para comer, recebem constantes cuidados de saúde e, principalmente, atenção. 
Teresa fez questão de me mostrar os desenhos que Abelardo fazia nas aulas de alfabetização. São pinturas coloridíssimas, abstratas, feitas em papel sulfite. Ele tomou o cuidado de plastificá-las para que resistissem aos maus tratos do tempo. 
Abelardo nunca aprendeu as letras, mas têm facilidades com imagens, sinais. Alguns desenhos exibem as poucas palavras que sabe registrar: ideogramas que aprendeu com patrões japoneses nas fazendas da região. 
“A língua portuguesa não entrava na minha cabeça, mas quando a professora colocava uma conta na lousa, tudo ficava fácil para mim. Em vez de escrever, desenhava”, disse, cheio de orgulho. Orgulho compartilhado por Teresa. 
“O agente de saúde é parte da família. Conheço cada um dos moradores. Sei do jeitinho de cada um, dos problemas, das dificuldades”, diz Teresa. Todos os agentes de saúde atendem moradores na pequena área urbana e na zona rural. Hoje podem fazer os percursos de moto ou de carro, mas no início percorriam longas distâncias a pé.  
Mais do que qualquer outro profissional, esses agentes comunitários sabem que saúde não é só remédio e hospital. Nas cidades pequenas, frequentemente precisam atuar em várias frentes. Foram muitas as vidas que Teresa e os colegas ajudaram a melhorar. 
Certa vez, ela estava inconformada com a situação de um doente idoso, que vivia sozinho. Sem renda, ele dependia da ajuda dos vizinhos para comprar comida. Foi Teresa quem descobriu que ele havia trabalhado numa usina durante vários anos. 
Investigou um pouco mais e soube que ele poderia se aposentar se completasse um ano e meio de contribuição ao INSS. Teresa organizou na cidade uma vaquinha para quitar o que era necessário. Do salário dela, saíram alguns meses de contribuição. Depois começou a pedir aos colegas, aos policiais, aos professores.  
Ao final, Teresa levou o homem a um posto do INSS e conseguiu aposentá-lo. Algum tempo depois, chegou uma carta. Quem era a pessoa de confiança que ele chamou para ler o documento? Teresa, é claro. A notícia era ótima: o aviso de que ele tinha cerca de R$ 3 mil numa conta do FGTS.  
Teresa o levou a uma agência bancária na cidade vizinha para sacar o dinheiro e abrir uma caderneta de poupança. Parte do dinheiro foi empregado na realização de quatro desejos de consumo. O trabalhador havia chegado quase ao fim da vida sem a perspectiva de realizá-los. Graças a Teresa, ele se tornou o feliz proprietário de uma TV, uma parabólica, uma cama e um “colchão bom”, como ele dizia.  
Meses depois, o paciente morreu. Teresa ainda se emociona. Ela é uma agente de saúde no sentido mais amplo e nobre do termo. A cada atendimento, contribui não apenas para manter em ordem as condições físicas dos pacientes, mas valoriza e cuida do lado emocional e social. Se sonhamos com uma saúde melhor para o Brasil, precisamos conhecer e valorizar exemplos como esse. 
Depois de muita conversa, pedimos para registrar em vídeo o depoimento de Seu Abelardo. Olhando fixamente para a câmera que via pela primeira vez, ele disse, baixinho:
- Que coisa boa...Uma pessoa como eu, que não é importante, sendo filmada, é uma coisa incrível.
Respondi, mas não sei se ele se convenceu:
- Todas as pessoas são importantes, Seu Abelardo. Não existe gente sem importância.

Arco-Íris se esforça para que todos os moradores recebam atenção. Essa é uma das mais básicas necessidades humanas. A força dessa necessidade ajuda a explicar por que ferramentas do tipo Facebook e Twitter integraram-se às nossas vidas como se fossem indispensáveis. O ser humano precisa ser notado, curtido, paparicado. Quem planeja os serviços de saúde não pode desprezar o poder transformador que a atenção tem. 

O que você acha? Conte pra gente. Queremos ouvir sua opinião.  
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)  
Revista Época
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