Grecianny Carvalho
Cordeiro*
Lendo a matéria da última Revista Veja sobre as
revelações do Marcos Valério, percebi que ali foi dito o que todo mundo sabia,
com exceção do então Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, ou
seja, o mensalão contava com o seu aval e o seu apoio. Isso sempre ficou claro
como a luz que brilha no horizonte nordestino.
Não
se podia conceber que um esquema de corrupção envolvendo os mais altos escalões
da política, incluindo-se o Chefe da Casa Civil, acontecesse sem que a maior
autoridade do país não o soubesse ou não endossasse tal prática. Que o povo
brasileiro sempre foi feito de bobo isso é fato, mas não precisava abusar tanto
assim.
Contudo,
o que mais me chamou a atenção nessa reportagem sobre o Marcos Valério foi
imaginar o preço do seu silêncio. É certo que, naquela época, quando os
figurões que faziam parte do mensalão estavam tão empolgados com a dinheirama
recebida, sequer pensaram que um dia aquele esquema seria desbaratado e que
alguém teria coragem de levar as investigações adiante, culminando com o
oferecimento da denúncia e a instauração do processo penal hoje em julgamento
no Supremo Tribunal Federal.
Marcos
Valério certamente pensou que continuaria sendo bem recebido pelos figurões de
Brasília, com livre acesso em todos os gabinetes. Ao gastar seu – ou melhor, o
nosso – dinheiro com carros, imóveis, viagens, presentes, luxos e mimos, talvez
jamais tenha pensado que a sua boa vida poderia ter um desfecho desagradável. E
com certeza, se deslumbrou, bem como os seus familiares e amigos, diante de
tanto poder, tanto prestígio, de tantas facilidades.
Marcos
Valério certamente nunca pensou que um dia seu filho teria vergonha de tê-lo
como pai e que não poderia deixa-lo no colégio sem que precisasse ter o cuidado
de não ser visto para evitar dissabores ou que sua filha viria a se sentir
humilhada numa sala aula ao tratar sobre o seu comportamento.
Marcos
Valério certamente nunca pensou que sua mulher tentaria o suicídio por várias
vezes em razão das pressões sofridas e dos problemas decorrentes de suas ações
espúrias ou que teria problemas de saúde, afinal, estava tão bem!
E
Marcos Valério silenciou, calou para proteger seus comparsas, acreditando que
todo o dinheiro sujo do mensalão compraria a sua paz, a sua liberdade, o seu
prestígio, o seu poder.
Hoje,
é um homem solitário, humilhado, com medo de morrer, com a família destruída. Foi
esse o preço do seu silêncio. Valeu a pena?
Seu blog está ótimo. Estou com inveja.
ResponderExcluirParabéns!
Pe. Geovane
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDeus é e só podia ser amor. Ame!
ResponderExcluirPadre Geovane Saraiva*
Guardemos no íntimo do coração a mensagem de otimismo e esperança, deixada por Dom Helder Câmara, o artesão da paz e cidadão do mundo, o bispo brasileiro mais influente no Concílio Vaticano II, ao abrir o caminho para a renovação, na sua mais profunda e autêntica coerência em favor dos empobrecidos: “Se não engano, nós, os homens da Igreja, deveríamos realizar dentro da Igreja as mudanças que exigimos da sociedade”.
Falou também com extraordinária paixão que falou que Deus é amor, em tom daquilo que lhe era muito peculiar, a poesia: “Fomos nós, as tuas criaturas que inventamos teu nome!? O nome não é, não deve ser um rótulo colado sobre as pessoas e sobre as coisas... O nome vem de dentro das coisas e pessoas, e não deve ser falso... Tem que exprimir o mais íntimo do íntimo, a própria razão de ser e existir da coisa ou da pessoa nomeada... Teu nome é e só podia ser amor”.
*Pároco de Santo Afonso - Fortaleza - Ce
geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).