A diversidade de títulos que vem pautando as listas das seleções dos melhores filmes do ano pelas associações dos críticos e as entidades de divulgação da indústria de Hollywood ensejam uma situação atípica e fomentam discussões e análises no entendimento de que a produção de 2012 é a melhor dos últimos 12 anos
Ao longo do ano dezenas de produções dos estúdios independentes e das “majors” – como são chamados os grandes estúdios, como Paramount, Fox, Warner, Sony, Universal, entre outras –, vêm se degladiando em busca de visibilidade no Ranking EUA de Bilheteria.
Acompanhar o lançamento semanal dos filmes e a consequente receptividade pelo público estadunidense é a mais saudável atitude para o cinéfilo – e o blog de cinema oferece isso -, pois pode representar, além de conhecimento sobre a qualidade dos filmes, a condição de escolher previamente os filmes que pagará quando estrearem nos cinemas brasileiros. Isso pode representar, por sua vez, economia em seu orçamento destinado ao cinema amado de cada semana.
Neste ano os chamados blockbusters, salvo raras exceções, não tiveram estadia fácil nos cinemas. Dezenas de produções pequenas, com orçamentos inferiores a 20 milhões de dólares, fizeram a cabeça de muita gente e da crítica. A qualidade inesperada das pequenas produções está se revelando agora, quando as associações de críticos e entidades da indústria de Hollywood elegem e premiam os melhores filmes do ano. Empolgados, analistas da indústria de Hollywood e críticos estão se perguntando se 2012 produziu os melhores filmes dos últimos 12 anos em termos de safra. Não há, ainda, consenso, mas as análises estão nas páginas dos principais jornais e nos portais das mais importantes revistas e nos sites de cinema dos EUA.
E quem está predominando? As produções independentes com menos custo e mais criatividade ou a força milionária das produções bombásticas produzidas pelos grandes estúdios com os seus milionários orçamentos? Essa questão também faz parte da análise.
Os filmes se sobressaem. E não são poucos em destaque. Para ter uma ideia da qualidade da safra 2012, basta acompanhar as eleições das associações de críticos de cinema, as associações da imprensa estrangeira e as organizações do próprio mercado cinematográfico. É importante observar a diversidade de títulos indicados ou premiados.
Eleitos como o Melhor Filme de 2012
A HORA MAIS ESCURA (Zero Dark Thirty), de Kathryn Bigelow
AS AVENTURAS DE PI (Life of Pi), de Ang Lee
AMOUR (Amour, França), de Michael Haneke
ARGO (Argo), de Ben Affleck
DJANGO LIVRE (Django Unchained), de Quentin Tarantino
INDOMÁVEL SONHADORA (Beasts of the Southern Wild), de Benh Zaitlin
LINCOLN (Lincoln), de Steven Spielberg
MOONRISE KINGDOM (Moonrise Kingdom), de Wes Anderson
O LADO BOM DA VIDA (Silver Lininghs Playbook), de David O. Russell
O MESTRE (The Master), de Paul Thomas Anderson
Keira Knightley em ANNA KARENINA (2012), de Joe Wright: um dos sucessos do cinema britânico nos cinemas dos EUA
Outros apontados como melhores do ano
AS SESSÕES (The Sessions), de Ben Lewin
OS MISERÁVEIS (Les Miserables, Inglaterra), de Tom Hooper
ANNA KARENINA (Anna Karenina), de Joe Wright
007 – OPERAÇÃO SKYFALL (Skyfall), de Sam Mendes
O EXCÊNTRICO HOTEL MARIGOLD (The Best Exotic Marigold Hotel, Inglaterra), de John Madden
AMOR IMPOSSÍVEL (Salmon Fishing in the Yemen, Inglaterra), de Lasse Halstrom
Melhor Filme Estrangeiro
O GAROTO COM A BICICLETA (França), de Luc e Jean-Pierre Dardenne
AMOUR (Áustria-Dinamarca-Alemanha), de Michael Haneke
Melhor Documentário
THE INVISIBLE WAR (EUA), de Kirby Dick
Veja o trailer de The Invisible War.
Confira as listas das Associações:
Associações de Hollywood
Indicações
Mas, a lista mais polêmica ainda é a do Globo de Ouro, que indicou a melhor filme/drama, a biografia Lincoln, o faroeste Django Livre, as aventuras Argo e As Aventuras de Pi, além da espionagem A Hora Mais escura. Como melhor filme/musical ou comédia, o inédito Moonrise Kingdom e os dramas O Excêntrico Hotel Marigold e Amor Impossível (disponíveis em DVD), o musical Os Miseráveis e a comédia romântica O Lado Bom da Vida.
Há quem reclame com veemência a ausência de Indomável Sonhadora, para muitos, cinematograficamente superior a alguns dos indicados. Steve Pond, do site thewrap, é um dos contestadores. Revoltado, Pond pergunta: Como mais explicar a ausência completa de Indomável Sonhadora e a indicação de Nicole Kidman pelo risível e trash The Paperboy?
Ele analisa: O estimulante e persistente Indomável Sonhadora é um filme independente que não estava elegível ao SAG, porque o elenco amador não havia trabalhado sob a regras do sindicato. Mas ele pode ter sido não elegível ao Globo de Ouro também – não por causa se nenhuma regra, mas porque os votantes da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood gostam apenas de produções indies se tiverem grandes estrelas no elenco.
Peter Knegte e Eric Kohn, analistas do site indiewire, fora da polêmica do Globo de Ouro, discutem se a safra da temporada é a melhor dos últimos 12 anos. Kohn, em seu artigo, diz abertamente que está amando uma temporada notável. E o Oscar é quem vai ganhar com isso. Ele cita Lincoln com o drama histórico mais impressionante desde A Lista de Schindler e vê emA Hora Mais Escura a consolidação da parceria Bigelow-Mark Boal em um filme que combina puro jornalismo com habilidades cinematográficas para dissecar as nossas ansiedades culturais.
Grandes filmes estúdios estão saindo em pacotes inteligentes a esquerda e a direita, salienta. Ele considera Os Miseráveis um filme mal concebido e Django Livre uma desanimada bagunça, mas que tem momentos de beleza estética. Lamenta que O Mestre tenha sido recebido como um filme estranho e destaca A Hora Mais Escura e Argo como os melhores do ano. Mas, é As Aventuras de Pi que perdura na retina, finaliza.
Peter Knegt concorda que esta é a mais aquecida temporada de premiação em alguns anos (talvez até em uma década). Não apenas para nós críticos, coloca, mas também ótimo para o grande público. Ele revela que o seu filme preferido é A Hora Mais Escura e não será surpresase não se tornar um sucesso de bilheteria em poucas semanas.
Ele afirma que a qualidade dos filmes de 2012 deve ser visto com orgulho por seus realizadores. Os críticos colocam que, a atual temporada, apesar de tão boa em qualidade dos títulos produzidos em Hollywood, dá até espaço para a igualmente ótima safra do cinema inglês. Filmes como Os Miseráveis e Anna Karenina e Amor Impossível devem ocupar espaço nas listas do Oscar.
O que favorece ao público e ao cinéfilo é que esses filmes vão chegar ao Brasil a partir deste mês, com As Aventuras de Pi. Não tenha dúvida e prepare-se: 2013 será uma grande temporada cinematográfica. Portanto, todos aos cinemas.
Confira o trailer de Anna Karenina.
Diário do Nordeste
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