segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MEDUSA


Grecianny Carvalho Cordeiro*

Medusa era uma personagem da mitologia grega, conhecida pelos cabelos em forma de serpente, com dentes presas de javali, pele de escamas, mãos de bronze, asas de ouro, cujo olhar transformava em pedra aquele que a fitasse. Era uma das três górgonas, figuras monstruosas, além de Euríale e Ésteno.

Uma das virgens sacerdotisas da deusa Atena (da sabedoria), Medusa um dia fora uma bela mulher, orgulhosa de seus cabelos, até ser objeto de desejo de Poseidon (deus dos mares), que a violentou. Por essa razão, Medusa foi injustamente punida por Atena, a deusa a quem servia, sendo transformada num monstro aterrador, confinada a viver numa ilha, em completa solidão, jamais podendo amar ou ser amada.

Há quem diga que Medusa se ofereceu a Poseidon, a ele se entregando, atraindo a ira e a justa punição de Atena.

Medusa levava uma vida de total isolamento, até porque, todo aquele que dela se aproximasse e olhasse em seus olhos, viraria pedra. E como não bastasse tamanha maldição, Medusa viveu de forma desassossegada, pois ainda tinha que enfrentar os vários aventureiros que pretendiam mata-la, na busca de assim alcançar a glória. E foram muitos. Ela tinha um jardim de pedras, pedras que um dia foram homens.

E apesar de todo o sofrimento a que fora destinada, Medusa fica completamente desamparada pelos deuses do Olimpo, os quais ajudam Perseu a persegui-la e a mata-la.

Perseu, filho de Zeus com a mortal Dânae, conseguiu tamanha proeza graças ao elmo de Hades (deus do subterrâneo), que o tornaria invisível, as sandálias aladas e a foice de Hermes (deus mensageiro). Atena lhe daria um espelho e um escudo. Ele se aproximou invisível enquanto Medusa dormia, levantou o escudo para não olhá-la e pelo reflexo, conseguiu decapitar sua cabeça.

Da cabeça decapitada de Medusa nasceram o gigante Crisaor e Pégaso, o belo cavalo alado. De seu sangue escorria veneno e também um remédio capaz de ressuscitar os mortos.
Atena ainda usaria a cabeça de Medusa para ornar seu escudo. Alexandre, o Grande também usaria tal imagem em seu escudo.

Como muitos de nós, Medusa não podia olhar a si mesma. Ela sabia que era um monstro aterrador e bem melhor que não pudesse mesmo se ver. Melhor ainda que ninguém pudesse vê-la. Conhecer a si mesmo é um caminho extremamente doloroso. Só o segue quem realmente tem muita coragem. E mesmo sendo um monstro, Medusa foi mãe de um belo cavalo alado.

Quanto de Medusa temos em nós? Coragem é admitir.

*Promotora de Justiça

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