Salla reuniu 81 textos de todas as fases da carreira de Ramos, desde os três primeiros artigos no jornal Parayba do Sul, em 1915, um conto juvenil do mesmo ano, “O ladrão”, até panfletos e ensaios no fim da carreira, depois de sua entrada no Partido Comunista Brasileiro. Isso passando pela coluna Garranchos nos ano 1920, que ele assinou no jornal Palmeiras dos Índios, que editava em sua cidade natal, o período de militância jornalística em Maceió nos anos 1930 e os textos escritos durante sua prisão em Ilha Grande.
Segundo Salla, o volume, apesar de heterogênero, ajuda a conhecer melhor Graciliano, em cada fase de sua vida. “Cada uma, a seu modo, permite iluminar facetas pouco conhecidas ou, até então, obscuras do autor de Vidas secas, fornecendo mais subsídios para a fundamentação, pelo leitor, de certos elementos concernentes a sua poética, além de ampliar as possibilidades de leitura e compreensão do papel desempenhado tanto pelo homem quanto pelo artista Graciliano Ramos”, afirma Salla.
Graciliano foi um dos maiores estilistas do português brasileiro moderno. Seu estilo conciso, tão presente em sua ficção, se faz presente nos textos de ocasião. Mesmo nos textos de formação, como o conto “O ladrão” é claro e cheio de ação, o verbo suplantando os adjetivos, como demonstra esta passagem: “O homem chegou sorrateiramente à esquina, olhou desconfiado os arredores e entrou na única loja que por ali havia aberto àquela hora da noite”. A descoberta deGarranchos é um momento histórico na literatura brasileira.
Revista Época
Nenhum comentário:
Postar um comentário