segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A romancista Christie Golden faz sucesso com livros baseados em games


Christie Golden (Foto: divulgação (2), AFP e The Kobal Collection)


























Ao contrário de seus colegas na literatura e no cinema, os grandes personagens dos games não costumam ser conhecidos por sua profundidade. Por maior que seja a popularidade de heróis como Mario, Pac-Man, ou mesmo dos pássaros carismáticos de Angry Birds, os dramas existenciais dessas figuras ilustres nos interessam muito menos que a quantidade de pontos que acumulamos e os truques necessários para passar para a próxima fase. Trata-se de uma grande injustiça. Embora os grandes personagens do passado fossem avatares coloridos sem passado, os jogos de aventura do tipo RPG têm alimentado, desde os anos 1980, um dedicado grupo de jogadores com boas histórias e, sobretudo, bons personagens. Aos poucos, a moda se espalhou por outros gêneros de jogos. Nos games atuais, com vídeos de alta definição e dezenas de horas de duração, é comum deparar com personagens complexos, capazes de atingir a profundidade dos heróis de cinema.
O novo status alcançado pelos personagens de games já pode ser percebido nas livrarias.Livros protagonizados por personagens de jogos começam a ganhar espaço nas prateleiras e a escalar as listas de mais vendidos. A popularidade crescente da literatura fantástica e o crescimento da indústria dos games ajudam a impulsionar esses títulos para o topo. Para atingir esse mercado e cativar seus fãs, grandes séries de games como Halo (ficção científica),Assassin’s creed (aventura) e World of warcraft (fantasia) se transformaram em livros.
A chegada em massa dos fãs de games às livrarias começa a criar uma nova e inesperada leva de autores best-sellers. A mais aclamada do grupo é a americana Christie Golden, autora de livros inspirados no jogo on-line World of warcraft. Seu romance Marés de guerra acompanha a trajetória da feiticeira Jaina Proudmoore, uma das mais cultuadas personagens do jogo, na tentativa de evitar um conflito entre duas poderosas facções rivais de seres fantásticos. O lançamento foi planejado pela Blizzard para coincidir com a chegada às lojas de Mists of Pandaria, a aguardada expansão do jogo. Deu certo. Nos Estados Unidos, Marés de guerraestreou direto na lista de mais vendidos do jornal The New York Times. O livro chegará ao Brasil no fim deste mês pela editora Record, o primeiro de uma série de lançamentos baseados em games da Blizzard. A ordem, inspirado no game de terror Diablo III, também chegará às livrarias no fim do mês. Outros sete títulos estão previstos para o próximo ano.
Aos 48 anos, com mais de 30 romances publicados, Christie deve todo o seu sucesso aos jogos e filmes. Seus seis romances originais passaram longe das listas de mais vendidos. Mas ela domina como poucos a arte de escrever para fãs de games e ficção científica. Antes de mergulhar no universo de World of warcraft, ela se dedicou a escrever histórias com personagens de Guerra nas estrelas e Jornada nas estrelas. Christie costuma passar as horas vagas jogando games ou assistindo a séries de televisão, para manter a intimidade com os temas de seus livros. “Na maioria das vezes, já sou fã desses universos de ficção antes de escrever sobre eles”, disse ela a ÉPOCA. Micky Neilson, chefe de publicações e desenvolvimento criativo da Blizzard, afirma que a força dos livros de Christie está em sua capacidade de emocionar os leitores. “Alguns autores são melhores em descrições ou cenas de ação. O talento de Christie é se envolver emocionalmente com a história e fazer o leitor se importar com os personagens do jogo”, diz Neilson.
Emocionar os fãs de games com palavras é uma tarefa difícil. Além de tirar os aficionados da frente da tela para ler, autores como Christie têm de trabalhar seguindo regras rígidas, estabelecidas pelas empresas que detêm os direitos dos personagens. Na Blizzard, a primeira sinopse de cada livro é escrita por uma equipe interna de roteiristas. O autor pode sugerir alterações na história, mas não tem a palavra final. Christie não se incomoda. “Não vejo problemas em receber uma sinopse pronta”, afirma. “É uma forma de saber exatamente o que a Blizzard quer.” Se depender dos fãs de World of warcraft, as histórias encomendadas que ela escreve são mais que boas.
Revista Época

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