Grecianny Carvalho Cordeiro*
A mitologia foi uma forma encontrada pelo homem de
explicar certos fenômenos naturais e também de melhor compreender a vida, numa
época em que o conhecimento se baseava na crença, nos costumes. Da mitologia se
serviram os gregos, os maias, os hindus, enfim, vários povos.
Embora não pareça, a mitologia – especialmente a grega –
está mais viva e mais atual do que nunca, sendo utilizada na medicina, na
psicologia, na astrologia, na literatura, no cotidiano através da linguagem.
Para começar nossa trajetória pelo maravilhoso e
fascinante mundo da mitologia, escolhemos falar sobre Édipo.
Édipo era filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta. O
casal, por um longo período de tempo, não conseguia ter filhos. Como era de praxe,
um oráculo foi consultado e este dizia que a criança que viria a nascer mataria
o próprio pai e ainda tomaria a própria mãe como esposa. O casal real
finalmente teve um filho e, com medo de que o oráculo estivesse certo, logo que
a criança nasceu, Laio mandou que os criados a abandonasse nas montanhas,
amarrada pelos pés, de modo a que fosse devorada por animais.
Salvo por pastores, o menino foi levado para a cidade
vizinha de Corinto, e como o casal real também não tinham filhos, adotaram o
menino, o qual recebeu o nome de Édipo, criando-o com todas as regalias de um
príncipe herdeiro. Muito tempo depois, consultando o oráculo de Delfos, a fim
de saber sobre o seu futuro, Édipo tomou conhecimento da mesma profecia que um
dia Laio soubera. E para evitar a tragédia, Édipo fugiu de Corinto, pois
acreditava que seus pais eram os monarcas daquela cidade.
Como viajante errante, fugindo de seu destino, ao passar
por uma estrada estreita em direção a Tebas, Édipo discutiu com um estranho que
lhe negava passagem, episódio esse que se transformou numa briga, tendo Édipo
matado o homem, na verdade, o rei Laio.
Havia um monstro que ficava diante das portas de Tebas,
uma Esfinge com corpo de leão, cabeça e peito de mulher. A Esfinge anunciou que
somente poderia ali passar se decifrasse um complicado enigma, do contrário,
seria devorado. Édipo conseguiu esse feito notável e assim chegou a Tebas.
Édipo
fora recebido como herói, pois salvara a cidade de um
terrível monstro que já matara inúmeras pessoas. Já se sabia que o rei Laio
fora morto na estrada. Como recompensa por ter matado a Esfinge, Édipo recebeu
o trono de Tebas e a viúva do rei Laio, Jocasta.
Édipo
reinaria com tranquilidade por alguns anos e teria com Jocasta quatro filhos,
dentre os quais, Antígona.
Após a morte do rei de Corinto, Édipo descobriu a verdade
sobre sua origem e cegou a si próprio. Jocasta se enforcou. Essa tragédia grega
vai além do imaginável, no entanto, se mostra real em muitas circunstâncias,
servindo para dar nome a um problema de ordem psicológica que Freud denominaria
de “complexo de Édipo”.
O
mito edipiano serve para nos mostrar também que, quase sempre, quanto mais
fugimos daquilo que tememos, mais nos aproximamos. Se o nome dado a isso é
destino, com certeza. Se existe, melhor não duvidar.
*Promotora de Justiça
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