Grecianny Carvalho
Cordeiro*
O Fio de Ariadne, de autoria da escritora Leonia Oliveira,
publicado pela Editora Scortecci, 2012, se compõe de três peças: Fio de Ariadne, Quem Reforma Um Quarto Não
Sabe o Trabalho do Parto e O Rei Zinho Vai à Guerra. Peças essas
completamente diferentes e igualmente envolventes.
Em O Fio de Ariadne,
a autora faz uma releitura da história de Ariadne, filha de Minos, Rei de
Creta, onde ficava o laribirinto que o Minotauro vivia e, a cada nove anos, o
povo de Atenas era obrigado a enviar 14 rapazes e moças para servirem de
refeição ao monstro, com cabeça de touro e corpo humano.
Os diálogos são travados entre Ariadne, Destinos e Artemix
(ou a deusa Ártemis). O fio que Ariadne entrega a Teseu para que consiga sair
do labirinto é feito de vários materiais e a ponta é amarrada a um fio de seu
coração, tecido do mais puro amor. E é por essa razão que Ariadne vivencia cada
sensação experimentada por Teseu ao enfrentar o monstro, bem como as dores e os
temores de suas vítimas ao longo de tanto tempo. Ariadne sente também o ódio e
a intensidade da revolta do Minotauro afrontado, “a agonia das regiões não exploradas”, levando-a quase à morte, não
fosse o regresso de Teseu com o novelo que de volta põe ao seu coração, fazendo
surgir uma nova mulher, “agora com o
coração cheio de dúvidas e com a experiência de quem à morte escapara”.
A peça Quem Reforma Um
Quarto Não Sabe o Trabalho do Parto conta a divertidade história de um
casal que resolve reformar um quarto para a chegada do filho, no entanto, o
pomo da discórdia passa a ser uma maçaneta que o marido se nega a colocar,
apesar do desejo da esposa. Nesse embate entre o casal surge a figura de
Juvenal, um mestre de obras metido, encarregado da reforma, cujas intromissões
vão da música que a mulher deve cantar ao fazer um teste para uma gravadora até
o chá de cegonha que resolve organizar por conta própria.
O Rei Zinho Vai à Guerra é uma peça que faz uma crítica à
guerra de um modo geral, onde tudo se torna motivo para guerrear: a caxumba, os
educadores morais, o reino da direita e da esquerda, por um pirulito, as
fábricas de babadores, etc. E de repente passamos a ver que, tudo pode ser
motivo para uma boa guerra, embora não seja necessariamente justa ou mesmo
proporcional à suposta ofensa sofrida.
*Promotora de Justiça
Prezada Grecianny,
ResponderExcluirAgradeço-lhe a inteligência e a sempre gentil atenção ao me favorecer com esta resenha.