sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Fio de Ariadne


Grecianny Carvalho Cordeiro*

O Fio de Ariadne, de autoria da escritora Leonia Oliveira, publicado pela Editora Scortecci, 2012, se compõe de três peças: Fio de Ariadne, Quem Reforma Um Quarto Não Sabe o Trabalho do Parto e O Rei Zinho Vai à Guerra. Peças essas completamente diferentes e igualmente envolventes.

Em O Fio de Ariadne, a autora faz uma releitura da história de Ariadne, filha de Minos, Rei de Creta, onde ficava o laribirinto que o Minotauro vivia e, a cada nove anos, o povo de Atenas era obrigado a enviar 14 rapazes e moças para servirem de refeição ao monstro, com cabeça de touro e corpo humano.

Os diálogos são travados entre Ariadne, Destinos e Artemix (ou a deusa Ártemis). O fio que Ariadne entrega a Teseu para que consiga sair do labirinto é feito de vários materiais e a ponta é amarrada a um fio de seu coração, tecido do mais puro amor. E é por essa razão que Ariadne vivencia cada sensação experimentada por Teseu ao enfrentar o monstro, bem como as dores e os temores de suas vítimas ao longo de tanto tempo. Ariadne sente também o ódio e a intensidade da revolta do Minotauro afrontado, “a agonia das regiões não exploradas”, levando-a quase à morte, não fosse o regresso de Teseu com o novelo que de volta põe ao seu coração, fazendo surgir uma nova mulher, “agora com o coração cheio de dúvidas e com a experiência de quem à morte escapara”.

A peça Quem Reforma Um Quarto Não Sabe o Trabalho do Parto conta a divertidade história de um casal que resolve reformar um quarto para a chegada do filho, no entanto, o pomo da discórdia passa a ser uma maçaneta que o marido se nega a colocar, apesar do desejo da esposa. Nesse embate entre o casal surge a figura de Juvenal, um mestre de obras metido, encarregado da reforma, cujas intromissões vão da música que a mulher deve cantar ao fazer um teste para uma gravadora até o chá de cegonha que resolve organizar por conta própria.

O Rei Zinho Vai à Guerra é uma peça que faz uma crítica à guerra de um modo geral, onde tudo se torna motivo para guerrear: a caxumba, os educadores morais, o reino da direita e da esquerda, por um pirulito, as fábricas de babadores, etc. E de repente passamos a ver que, tudo pode ser motivo para uma boa guerra, embora não seja necessariamente justa ou mesmo proporcional à suposta ofensa sofrida.

*Promotora de Justiça

Um comentário:

  1. Prezada Grecianny,

    Agradeço-lhe a inteligência e a sempre gentil atenção ao me favorecer com esta resenha.

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