Pe. Geovane Saraiva*
O livro do
Eclesiastes, logo no início do seu prólogo diz: “Vaidade das vaidades, tudo é
vaidade - vanitas vanitatum, ommia vanitas. Que proveito tira o homem se de
todo o trabalho e com que se afadiga debaixo do sol?” A Quaresma nos faz pensar
na morte e na transitoriedade da vida. Francisco de Assis olhava com muita
seriedade para a realidade da morte, como algo sagrado e divino. À medida que
louvava a Deus, chamava-a de irmã. Guardemos as sagradas palavras do Apóstolo
Paulo: “Nós não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procurada cidade de
que há de vir” (Hb 13, 14); “Sabemos, com efeito, que, se a nossa morada
terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus,
morada eterna, não feita por mãos humanas” (2Cor 5, 1).
A
realidade da morte, como um mistério, nos leva a refletir sobre a nossa
condição de criatura humano. Não nos acostumando e, mesmo, sofrendo como um
profundo golpe e dor. Nos Estados Unidos ocorreu aos 05 de outubro de 2011 a morte
prematura de Steve Jobs, com a idade de 56 anos (24.02.1955), vítima de um
câncer no pâncreas, diagnosticado em 2004. Ele mesmo externou em um pensamento,
ao descobrir quando tinha 17 anos: “Se viver cada dia de sua vida como se fosse
o último, chegará um dia em que estará certo”. Impressionado, se perguntava
através desse pensamento: “Se este fosse último dia da minha vida, será que eu
faria mesmo o que estou prestes a fazer hoje?”
A
genialidade dessa grandiosa e raríssima figura humana foi de tal modo para o
nosso tempo, que tornou mais agradável, mais bela e mais edificante a vida
sobre face da terra. Na verdade, somos agradecidos ao bom Deus pela Apple, seu
grande e maior invento - no Mac, no iPod, no iPad e no iPhone, entre outras
inovações e inventos, no mundo da tecnologia, da informática e das
comunicações.
Como
é que podemos olhar para esse gênio, que provavelmente, a história o colocará
como um dos homens mais importantes da humanidade no século XXI? No dizer de
Paulo Barros, outro grande gênio, criativo, inovador e obstinado carnavalesco,
da Unidos da Tijuca, como aquele que “chutou o balde”, que arrebentou e
revolucionou o mundo, através de suas extraordinárias descobertas,
provocando-nos profundas reflexões em torno do segredo da fama e do sucesso,
seja na sua vida profissional, seja nos valores misteriosos e transcendentes da
vida, como um dom maravilhoso de Deus.
Na sua condição de paciente, consciente de que a morte estava por chegar, afirmava: “posso agora dizer algo que me parecia menos claro, quando a morte era um conceito intelectual: ninguém quer morrer; mesmo as pessoas que desejam ir para o paraíso não querem morrer para chegar até lá. Ainda assim, a morte é o destino final do qual todos nós partilhamos. Ninguém jamais escapou dela. E é assim que as coisas deveriam ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção da vida. Ela tira do caminho o que é velho e abre espaço para o que é novo”.
Steve
Jobs tem muito a nos ensinar e dizer, como patrimônio da humanidade, na sua
originalidade e genialidade, que “é preciso descobrir aquilo que amamos e a
única maneira de fazer um trabalho belo e grandioso é amar aquilo que fazemos”.
Fixando na mente e no coração, que temos que cuidar dos dons, talentos e da
nossa própria vida, segundo a vontade de Deus, a nossa razão de ser e existir,
nas palavras do carnavalesco Paulo Barros, “chutar o balde”.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza.
Pároco de
Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara);
“A
Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom
Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).
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