sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CONTOS DE FADA


Grecianny Carvalho Cordeiro*

Após uma certa idade, em especial, quando do exercício do ofício materno e paterno, é que se pode realmente perceber o quanto os clássicos infantis são aquilo que se poderia denominar de “politicamente incorretos”.     
                        
Quem nunca se encantou ou se fez encantar ao ler as histórias de Chapeuzinho Vermelho, Peter Pan, Os Três Porquinhos, dentre outros clássicos da literatura infantil? No entanto, o que passa despercebido é que os heróis e as heroínas dos contos infantis são, na maioria, anti-heróis, dotados de uma questionável conduta, a qual escapa ao julgamento de todos, das próprias crianças aos adultos, senão vejamos:
                        
Chapeuzinho Vermelho dá um péssimo exemplo quando desobedece a mãe e resolve ir pelo caminho da floresta, embora advertida de que por ali havia um lobo malvado. A mãe, por sua vez, se mostra uma grande irresponsável ao mandar a filha infante sozinha ir deixar frutas, bolos e doces para a vovó doente. Isso sem levar em conta que a senhora idosa, talvez até com diabetes e colesterol, não poderia fazer a extravagância de comer bolos e doces.
                        
Os Três Porquinhos são irmãos extremamente desunidos que se recusam a morar juntos, preferindo cada um construir sua própria casa, mesmo tendo que enfrentar as investidas de um lobo faminto que os persegue.
                        
Ali Babá furta o tesouro que os Quarenta Ladrões esconderam na caverna, com o qual constrói uma fortuna e pede a mão da filha do rei da Pérsia em casamento. Igual feito é promovido por Simbad O Marujo, ao furtar o tesouro dos piratas e com ele constituir sua fortuna.
                        
Pínóquio, por sua vez, é um grande mentiroso que engana a todo o mundo e, em especial, ao seu pai Gepeto, sendo finalmente agraciado pela fada e se tornando um menino de verdade.
                        
O pai da Bela se acorvarda diante da Fera e permite que sua única e amada filha vá morar no castelo com o monstro, como punição pela flor que furtara de seu jardim, ao invés de protegê-la a todo custo.
                        
João troca a única vaca da família por sementes mágicas de feijão, sobe no enorme pé-de-feijão e furta do castelo do gigante a harpa encantada e a galinha dos ovos de ouro.
                        
O Pequeno Polegar invade com os irmãos a casa do gigante, que sai em sua perseguição e, quando o infeliz adormece debaixo de uma árvore, o garoto furta suas botas e se torna o mais rápido mensageiro do rei.
                        
O pior de tudo é verificar que algumas crianças se tornaram adultas e resolveram incorporar esses maravilhosos personagens dos contos infantis, da forma mais deturpada possível, exemplo disso são aqueles que protagonizam as cenas diárias da vida política brasileira, são pinóquios, simbads, alis babás, “cuecões”, “mensalões”... Qualquer semelhança será mera coincidência.

*Promotora de Justiça

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