“Bolsa de Mulher” é o título
do recém-lançado livro de Simone Pessoa, publicado pelo Armazém da Cultura,
autora de vários livros, ex-cronista do Jornal O Povo, Coordenadora do grupo
Cadeiras na Varanda, dentre tantas outras atividades.
Conforme dito pela própria
autora, em seu prefácio, esse livro teve por inspiração uma bolsa de mulher,
objeto indispensável ao universo feminino, onde colocamos coisas
imprescindíveis e coisas que talvez nunca sejam usadas, mas poderão ser.
Mas a “Bolsa de mulher” de
Simone Pessoa carrega muito mais coisas que possa crer a nossa vã filosofia,
ali existe de tudo e ali se fala de tudo, descortinando-se “temas palpitantes
como amizade, casamento, questões domésticas, morte, ética, comportamento,
preconceito, vaidade, visão de futuro, envelhecimento, solidão”, e outros
assuntos comuns a todo ser humano, seja homem, seja mulher, mas sob uma visão
particularmente feminina.
Quem se lembra dos
chegadinhos, aquele doce fino parecido com hóstia que o homem passava vendendo
fazendo barulho com um triângulo? Ou o caldo de cana com pastel ou ainda o
algodão doce feito no carrinho? Doces lembranças, certamente, de uma era em que
se comia pão com ovo sem qualquer vergonha, sem qualquer temor de “pagar mico”
por ser coisa de pobre. Hoje, soa bem mais bonito gostar de um sanduíche de pão
integral com peito defumado de peru. Sim, porque hoje nos deleitamos em
conversar com amigos sobre coisas capazes de impressionar, de ostentar, de
mostrar que, de algum modo, se está em situação de vantagem em relação ao
outro, mesmo que um amigo.
É sobre tudo isso que falam
as crônicas de Simone Pessoa, não se tratam de um conjunto de palavras bem colocadas,
mas de palavras escritas que falam pela singeleza e pelos assuntos que nos
tocam, que nos fazem refletir, questionar sobre a nossa curta existência e dela
procurar retirar o melhor proveito, vendo beleza em tudo, em especial na
simplicidade.
Simone Pessoa segreda ao
leitor os motivos pelos quais escreve: “pelo apego à vida, na tentativa vã de
afugentar a morte. Ah! Que vontade de permanecer!... Esticar a palavra,
postergar o fim. Sem esgarçar, sem esmorecer! Transcender o hoje no leitor do
amanhã. Ele, do outro lado da margem, debruçado sobre essas linhas, a entrever
o momento em que escrevo. Quem sabe, sorria o leitor ou não; restrinja-se a
franzir a testa. Incompreensão, rejeição? Pouco importa. Ainda assim, me
agarro, meu bote de salvação!”.
*Promotora de Justiça
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