quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Implante hormonal pode 'masculinizar' a paciente, afirma endocrinologista

THAIS BILENKY
DE SÃO PAULO


O uso de implantes hormonais para fins estéticos não é recomendado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, informa a endocrinologista Ieda Therezinha Verreschi, membro da entidade.

"O conselho não apoia o uso de hormônio em implante para melhorar o aspecto físico. [Esse tratamento] só aumenta a musculatura, 'desfeminiliza' e cria pelo. Fica um 'monstrinho' a criatura. É quase que uma medicação para uma fantasia", diz.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia tem posição semelhante. "Não existem, até o momento, estudos com rigor científico que confiram credibilidade à prática", afirma Dolores Pardini, presidente eleita do departamento de endocrinologia feminina e andrologia.
De acordo com Ieda Verreschi, a progesterona não ajuda a emagrecer, pelo contrário. "É um hormônio anabolizante, aumenta a massa muscular com a incorporação de aminoácidos no organismo. Misturar testosterona e/ou estrogênio piora. A maioria que usa engorda."
Segundo a endocrinologista, a progesterona é também um anestésico central e pode ter efeito tranquilizante. "Mas é muito discreto e não é isso que vai melhorar a angústia, a TPM", acrescenta.
Ela conta um caso de uma paciente que usava implante de progesterona para parar de menstruar e teve alterações no ritmo de sono, "cochilava durante o dia e ficava acordada durante a noite". "Ela precisou parar de dirigir e teve um ganho de peso imenso. É uma reposta individual, não dá para generalizar [os efeitos]."
Sobre a promessa de acabar com a celulite, Verreschi afirma que não existe um tratamento hormonal com esse efeito. "A gordura revestindo o corpo feminino tende a fazer celulite. Não é botando progesterona ou testosterona que vai diminuir."
REGISTRO VENCIDO
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não aprova a comercialização de gestrinona, elcometrina e alguns tipos de testosterona em implantes.
Segundo a assessoria de imprensa da agência, esses produtos tiveram registros, mas a documentação caducou há pelo menos dez anos.
A Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) de São Paulo, após ser procurada pela reportagem, localizou estabelecimentos que comercializam o produto irregularmente. Até o fechamento desta edição, um deles, cujo nome não foi informado, foi autuado, mas poderá recorrer.

Folha de S. Paulo

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