terça-feira, 9 de outubro de 2012

Espetáculo de Elvis Presley se aproxima de grandes shows de estádios


"Elvis in Concert" reúne em São Paulo diversos músicos e companheiros da banda do cantor (8/10/12)O ano é 1973. A música tema que toca é a do filme "2001 - Uma Odisséia no Espaço", produção de 1968. Elvis Presley se prepara para entrar em cena e cantar "See See Rider". O que se vê é sua silhueta por trás de um enorme tecido branco, apressando-se para puxar a peça e revelar uma banda escondida. Cai o pano. É 2012, e Elvis está em cena.
Em toda a sua vida, Elvis Presley fez apenas cinco shows fora dos Estados Unidos (em três cidades canadenses, em 1957). E, graças à tecnologia, o Rei do Rock chegou nesta segunda-feira (8) a São Paulo, depois de passar por Brasília no sábado (6) pré-Eleições. A turnê Elvis In Concert que está no Brasil --com mais três shows na capital paulista e um no Rio de Janeiro-- coincide com a celebração de 35 anos de morte do cantor, mas o que se viu no Ginásio do Ibirapuera foi muito próximo de uma lenda viva.

ELVIS CANTA "SEE SEE RIDER" EM SÃO PAULO

Mais do que apenas um show, o evento é uma experiência interessante. No palco, cerca de 30 músicos funcionam como a engrenagem do espetáculo, enquanto a atração principal se movimenta em um grande telão de LED. Nada tão diferente ou distante dos grandes shows em estádios de hoje em dia, onde se consegue ver mais o artista em telões posicionados estrategicamente do que o próprio no palco.
 
A configuração de plateia com cadeiras faz com que o público se limite a assistir aquilo que é mostrado. E assim aumenta ainda mais a sensação de estar frente a uma televisão. A proposta aqui é apreciar, e não propor um show de rock para dançar, como bem fazia Elvis Presley. Foram poucas as músicas que fizeram a plateia se levantar e entrar no clima rock and roll, como "Johnny B Goode". Outras tantas canções, no entanto, deixaram olhos lacrimejantes e semblantes emocionados, como a interpretação de "My Way".
 
Repertório e banda original
O repertório da turnê resgata trechos extraídos do material filmado para os documentários "Elvis, That's the Way It Is" (de 1970); "Elvis on Tour" (de 1972) e do clássico especial de TV "Elvis: Aloha from Havaí, via satellite" (de 1973). É deles que saem performances bem humoradas e cheias de gingado do Rei do Rock, que interage com a plateia com sorrisos e olhares, e recebe de volta gritos e aplausos entusiasmados.
 
Mas o critério para uma música entrar no show é além da excelência no palco: as canções escolhidas deveriam ter, necesseriamente, gravações da época com separação de faixas, no sistema chamado multi-track. Só assim os produtores seriam capazes de deixar de fora todos instrumentos, isolando apenas o som do microfone de Elvis.
 
Enquanto os vocais de Elvis foram eternizados pela tecnologia, a vivacidade da banda que o acompanha impressiona. A sintonia vai além do ensaio cronometrado, em que precisam casar com perfeição o som a cada gesto de Elvis nos vídeos. A banda não para. Não há intervalo entre uma música e outra. Eles estão sempre preparados para entrar em cena.

Uma das ofertas mais curiosas do evento é a possibilidade de ver alguns dos músicos da banda de Elvis em duas etapas: antes (pelo telão) e hoje (ao vivo no palco). O guitarrista James Burton, um jovem sorridente que aparece nas imagens dos anos 70, segue hoje com presença dominadora no palco, enquanto Ron Tutt, que tocou com Elvis de 1969 até sua morte, golpeia sua bateria de pedal duplo com a mesma energia vista nos vídeos.
 
Estão lá também o pianista Glen Hardin, o baixista Norbert Putnam e o diretor musical Joe Guercio, juntos com a backing vocal Estelle Brown (ex-integrante do grupo Sweet Inspirations) e os cantores Joe Moscheo e Terry Blackwood (originais dos Imperials, quarteto gospel que trabalhou com Elvis entre 1969 e 1971).
 
Uma das passagens mais divertidas do espetáculo vem com "Love Me Tender", quando Elvis atiça um festival de selinhos nas jovens da plateia. O medley de "Don't Cry Daddy" com "In The Ghetto" rememora fotos de infância, tanto de Elvis quanto da herdeira Lisa Marie Presley ao lado pai.
 
Os brasileiros talvez sintam falta de canções que fizeram grande sucesso por aqui, como "Always On My Mind" e "It's Now or Never", mas estão lá outros tantos hits: a versão para "Johnny B. Goode", "Heartbreak Hotel", "All Shook Up", "My Way" e a obrigatória "Suspicious Mind", essa última como se fosse a dona da noite, que faz todo o público se levantar para aplaudir.
 
Ainda que o cantor esteja apenas num telão, nenhum show de cover ou imitação de Elvis chegará perto da experiência que é ver a afiada banda que o acompanhou em sintonia de celebração. E, sem bis, Elvis deixou o prédio.

UOL Notícias

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