sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um novo site pretende catalogar e oferecer toda a arte do mundo


O CRIADOR Carter Cleveland criou o Art.sy na faculdade. Ele deseja revolucionar o consumo de arte (Foto: Joshua Right/NYT)O alojamento de Carter Cleveland, ex-aluno de engenharia na Universidade Princeton, nos Estados Unidos, era parecido com o da maioria de seus colegas: havia pilhas de roupas pelo chão, móveis cobertos de livros e, por todos os cantos, sobravam embalagens vazias. Numa manhã de 2009, o jovem, então com 22 anos, decidiu que tornaria o quarto mais harmônico. Filho de um casal apreciador de artes – o pai, um escritor de renome sobre o tema; a mãe, uma investidora –, passou a buscar um quadro para pendurar numa das paredes. Foi à caça pela internet. Para sua surpresa, ao pesquisar no Google, não encontrou nada. Tentou de novo, em fóruns e blogs. Não teve sucesso. Frustrado, percebeu que não havia um site dedicado a identificar e localizar obras de arte. “Por que eu mesmo não faço um?”, pensou.
Apaixonado por computação, Cleveland montou o protótipo de seu site. Chamava-se Art.sy. Com poucos cliques, qualquer um poderia navegar por diversas obras, conhecer artistas e criar a própria galeria virtual. Seria uma rede social para interessados em arte. Ao se formar, no ano seguinte, Cleveland pediu ajuda dos pais para arregimentar investidores. A influência materna rendeu uma parceria com Wendi Murdoch, mulher do empresário Rupert Murdoch. Ela o apresentou a Jack Dorsey, criador do Twitter, e a Eric Schmidt, presidente do Google. Encantados com o projeto, eles investiram US$ 1,25 milhão no Art.sy.
Durante dois anos, o site ficou em maturação, fechado. Cleveland aproveitou para aprimorar os serviços do Art.sy, contratar profissionais e fazer contato com museus. Somente no mês passado, a novidade foi aberta ao público. A repercussão foi imediata. De acordo com dados colhidos pelo próprio site, houve 285 mil visitantes de 186 países em apenas um mês. Eles navegaram por mais de 20 mil obras expostas on-line, vindas de mais de 300 galerias com que o Art.sy mantém parceria. Para Cleveland, ainda é pouco. Seu objetivo é tornar toda a arte do mundo disponível para qualquer um com acesso à internet. “Criamos uma plataforma com que, pela primeira vez, as pessoas podem ver o que está pendurado nas paredes das melhores galerias do mundo no conforto de suas casas”, disse Cleveland a ÉPOCA. Novas parcerias com instituições de arte, afirma, serão anunciadas todo mês. A última foi com o Museu Britânico, de Londres, dono de um dos maiores acervos do mundo.
A grande arma de Cleveland para popularizar o site é o Projeto Genoma da Arte. Esse recurso funciona como uma plataforma que indica obras e artistas de acordo com o gosto do usuário. Com base no que o visitante aprecia na rede, o Art.sy consegue traçar vários perfis que possam servir a ele, facilitando a descoberta de novos artistas. É parecido com o serviço que indica filmes no Netflix ou músicas no site Pandora. À frente desse recurso, há uma equipe de dez historiadores da arte. Chefiados por Matthew Israel, doutor em arte e arqueologia pela Universidade Nova York, eles conseguem classificar 800 diferentes qualidades – que chamam de “genes” – nas obras. Vão de critérios objetivos como “região” até os mais subjetivos, como “repetição”. Embora tenha ganhado destaque entre leigos, a ferramenta recebeu críticas de especialistas em arte dos Estados Unidos. Pela internet, eles disseram que catalogar a arte com base em algoritmos é “reducionista”. Em resposta, Cleveland afirma que a intenção do site não é substituir a experiência de ver a arte cara a cara. “Nosso objetivo é educativo. Permitimos que o público descubra novos artistas que não conhecia.”
Ganhar dinheiro também é parte dos planos. O modelo de negócio do site prevê que, caso uma obra esteja à venda e o usuário compre por meio do Art.sy, Cleveland e equipe ficarão com uma comissão que varia de 1% a 6%. “Queremos ser o lugar onde todos se engajam, compram e apreciam arte.” Onde possa se encontrar também o quadro ideal para a parede de um alojamento estudantil. 
Como funciona o Art.sy
Há diversas formas de descobrir obras e artistas no site


Revista Época

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