Deputados e senadores comentaram o legado das obras do mestre do concreto armado para os brasileiros
Brasília Políticos cearenses compareceram, ontem, ao Palácio do Planalto para dar adeus ao arquiteto Oscar Niemeyer. Presentes ao velório, eles comentaram o legado do criador de Brasília para o País.
De acordo com o deputado federal José Guimarães (PT), líder da bancada do Nordeste, além do profissional respeitado, o homem Niemeyer deve ser lembrado por suas posições políticas. "Um homem comprometido com a justiça social. Para muitos, um grande arquiteto, para mim, uma referência para a esquerda mundial e brasileira".
O senador Eunício Oliveira disse que o arquiteto era um homem à frente de seu tempo que com seus traços mudou o Brasil FOTO: HERMÍNIO OLIVEIRA
O senador Inácio Arruda (PC doB) lembrou a militância política do arquiteto: "O Congresso Nacional é uma grande obra de Oscar Niemeyer. Estamos dentro do espaço de Niemeyer e a um passo da Praça dos Três Poderes, que também é um espaço de Niemeyer, e de tantos arquitetos sob o seu comando, sob a sua orientação, ou em um coletivo, para fazer mais uma homenagem a um homem que na vida inteira reafirmou os seus ideais socialistas e comunistas".
O senador José Pimentel (PT) divulgou nota oficial na qual afirma que a morte do mestre do concreto armado deixa mais pobre a arquitetura brasileira e mundial. "Além de sua inteligência, ele tinha uma influência muito forte sobre nossos estudantes de arquitetura e urbanistas. Devemos a ele as belezas de Brasília e a abertura das mentes e corações", destacou.
"Ser velado na sede do poder nacional foi uma homenagem à altura do artista", afirmou o deputado Eudes Xavier (PT-CE).
O deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) reconheceu o papel das obras de Niemeyer, que era comunista, na defesa das classes, e na arquitetura voltada para o social. "Nesse momento de consternação, podemos dizer que ele honrou sua profissão, seu posicionamento político, que era contra o anacronismo político e que queria um país mais justo, ele rompeu com o modelo de arquitetura vigente", afirmou o comunista.
O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse, ontem, sentir "pesar pelo falecimento do genial Oscar Niemeyer, ícone da arquitetura. Homem à frente de seu tempo que com seus traços mudou o Brasil".
O deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), que se orgulha de ter negociado duas vezes com Niemeyer obras no prédio do Congresso Nacional durante o período em que foi presidente do Senado, afirmou que nas duas ocasiões se rendeu ao arquiteto que recusou qualquer alteração aos seus projetos.
Amizade com Fidel
Com obras espalhadas da França à Itália, de Argélia a Cuba, a genialidade e visão de Oscar Niemeyer eram reconhecidas e seu falecimento, na quarta-feira, foi notícia em todo o ocidente.
O jornal que é porta-voz oficial do governo cubano citou a amizade especial que o arquiteto possuía com Fidel Castro e sua preocupação com os mais humildes, além de sua obra na Universidade de Ciências Informáticas de Havana.
Oscar Niemeyer era comunista confesso e em diversas oportunidades disse: "Quem me contrata já sabe de minhas convicções políticas".
Niemeyer pedia pastel no hospital
Rio de Janeiro Nos últimos dias internado, o arquiteto Oscar Niemeyer pediu pastel e café, além de revelar o desejo de compor um samba com o enfermeiro do Hospital Samaritano, no Rio, afirmou a mulher dele, Vera Lúcia, na manhã de ontem.
Ela destacou que vai cumprir o último desejo de Niemeyer que era editar um livro com "projetos de arte e centros culturais que ele fez". Além disso, vai manter a revista editada pelo arquiteto. Muito emocionada, Vera ressaltou que ele apresentava melhoras na última semana.
"Ele estava tendo uma reação boa, mas começou a ficar, quietinho, quietinho". Ela disse ter perdido a pessoa que mais amava no mundo. "Vai ser difícil, mas o tempo passa. Não saí de perto dele em nenhum momento".
ANDRÉ GOBOESPECIAL PARA O NACIONAL
Diário do Nordeste
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