quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O gigante da história das missões, São Francisco Xavier


Padre Geovane Saraiva*
A Igreja Católica celebra, agradecida ao bom Deus, neste dia 03 de dezembro, São Francisco Xavier (1506-2006 – 500 anos), considerado o Apóstolo do Oriente, “o gigante da história das missões”. Ele um sonhador, cheio de ambição e vaidade! Homem talentoso e de inteligência privilegiada, que estudou na Universidade de Paris, doutorando-se em 1526. Lá em Paris, logo conheceu Inácio de Loyola, com quem estabeleceu uma sólida e estreita relação de amizade. E foi justamente esta amizade e as conversas constantes, como também uma intensa vida oração, que o transformou por completo, num verdadeiro sonhador e idealista que foi, ao fazer sua opção pelo projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo não à glória do mundo, vaidades e riquezas.

Deus entrou em cheio na sua vida e foi mais forte, através de Inácio de Loyola, estudante muito especial daquela Universidade e seu colega, um recém-convertido, que sonhava formar um grupo de irmãos corajosos para dilatar o Reino de Deus. Aquele que ficou conhecido como o grande mestre dos exercícios espirituais, foi ao encontro do jovem Francisco Xavier, seu conterrâneo e futuro pai espiritual, a fim de ganhá-lo, no seu grande desejo de contribuir na edificação do Reino de Deus.
     
Seus sonhos e projetos eram antagônicos. Contudo, o mestre e fundador da Companhia de Jesus, com fé e confiança, insistentemente, suplicou a Deus Pai, até seduzi-lo. “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” (Mt 16, 26). A frase do Divino Jesus foi incisiva, penetrando em profundidade, na mente e no coração do jovem Francisco Xavier, dita por Inácio de Loyola, dobrando sua resistência e entregando-se inteiramente a Deus, a ponto de tornar-se o seu maior e mais fiel discípulo e companheiro.

A Índia o esperava, na catequese de crianças e adultos, que sempre em número elevado acorriam para receber os sacramentos. Levou por toda parte por onde passou a mensagem do Evangelho. Visitou Ilhas longínquas, penetrou no Japão, formando lá sólidas comunidades de fé, de tal modo, que sua característica foi o imperativo de Jesus, Mestre e Senhor, concretizada no: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Seu zelo missionário de se consumir pelo Evangelho foi fortíssimo, que num curto espaço de tempo de 10 anos visitou países e catequizou e diversas nações, tornando-se quase impossível imaginar tal mobilidade e façanha nos dias de hoje. Podemos contemplar, aos olhos da fé e agradecidos, seu gigantesco e maravilhoso trabalho!

Antes de morrer, aos 46 anos, no dia 03/12/1552, escreveu a Inácio de Loyola assim: “São muitos os que não se tornam cristãos, simplesmente por falta de evangelizadores e missionários”, tendo na mente o que o Apóstolo Paulo anunciou com grande esperança: “Como poderiam ouvir sem pregador? E como poderiam pregar se não forem enviados?” (Rm 10, 14-15). Queria ir pelas Universidades e por toda parte, gritando como um louco e sacudindo as consciências daqueles que se comportam e agem mais pela razão do que pela fé, clamando: “Como é enorme o número dos que são excluídos do Reino, por vossa culpa!”. Ele era considerado o missionário da China pelo seu ardente desejo e vontade de anunciar o Evangelho aquele povo, chegando a dizer, “se eu não encontrar um barco para ir à China, vou nadando, mas vou”. Foi uma pena não tenha chegado lá.

Agradecemos ao nosso bom Deus, por São Francisco Xavier, no dia de sua páscoa eterna. Ele, criatura de Deus, apaixonado pelo Reino, com uma disposição interior para o trabalho missionário, no seu jeito de viver e testemunhar a fé que professou, ao plantar a semente do Evangelho no Oriente. Que a Igreja, sacramento de salvação, continue corajosamente e com grande sabedoria e ardor, a anunciar o mesmo Evangelho por ele anunciado aos homens hoje, por toda extensão da terra. Deus seja louvado por este irmão querido, considerado maior missionário de todos os tempos.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.
Pároco de Santo Afonso

Autor dos livros:                    
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

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