sábado, 17 de novembro de 2012

UPAs estão com capacidade esgotada

Equipadas para atender a casos mais graves, unidades recebem pacientes com perfil de posto de saúde
O grande número de pessoas que não conseguem atendimento nos postos de saúde vem lotando as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza, fazendo com que as equipes médicas atendam além da capacidade diária de pacientes. Das quatro unidades, construídas há menos de um ano, a situação é mais crítica nas UPAs dos bairros Autran Nunes e Messejana, classificadas como de porte 2.


Construídas há menos de um ano, as UPAs dividem os atendimentos com base na classificação de risco de cada pessoa, que é detectado após uma triagem feita no local. Ontem, a unidade de Messejana estava lotada Foto: José Leomar

De acordo com o Ministério da Saúde, esse tipo de unidade pode atender até 300 pacientes por dia. Contudo, somente no feriado da Proclamação da República, na última quinta-feira (15), as UPAs do Autran Nunes e de Messejana receberam, respectivamente, 484 e 447 pessoas. A maioria corresponde a pacientes com doenças menos graves, que poderiam ser tratados na atenção primária.

Já as UPAs do Canindezinho e da Praia do Futuro, que são de porte 3, receberam 393 e 345 pessoas no feriado desse feriado, respectivamente. Números inferiores ao total da capacidade diária, que é de 450 pacientes. Porém, há dias em que as duas unidades também lotam, sendo preciso deixar na sala de espera apenas os enfermos.

Nas UPAs, o atendimento é realizado com base na classificação de risco do paciente, detectada após triagem. Em casos de emergência, a pessoa recebe uma pulseira vermelha e é atendida imediatamente.

Nos casos muito urgentes, a cor é laranja, e o paciente não pode aguardar mais do que dez minutos. Para os quadros apenas urgentes, a pulseira é amarela, e a espera pode ser de até uma hora. Em casos menos graves, a cor é verde, o tempo é de duas horas. Já a pulseira azul é para doenças leves, com espera de quatro horas, no máximo.

Assistência

"Estivemos dentro da média, numa situação confortável. Mas, quando esse número aumenta, a gente não consegue dar uma assistência desejada para quem recebe pulseiras verdes e azuis, que são os indivíduos com perfil de posto de saúde. Os acompanhantes, inclusive, ficam do lado de fora, porque a sala de espera fica lotada, até com pacientes de pé", explica a coordenadora da UPA da Praia do Futuro, Camila Machado, acrescentando que o tempo de espera nos casos menos graves e leves, geralmente, extrapolam.

De acordo com ela, dos 345 pacientes da última quinta-feira, 179 receberam pulseiras verdes, 105 amarelas, 55 laranjas, seis azuis. Nenhum atendimento de emergência foi realizado no feriado. O quadro é semelhante nas outras unidades visitas, ontem, pela reportagem do Diário do Nordeste.

Abertas 24 horas, as UPAs atendem casos como quedas, dores no peito, falta de ar, febre e convulsão, primeiros socorros em caso de Acidente Vascular Cerebral (AVC), queimaduras, cortes e acidentes sem fraturas expostas, por exemplo.

No entanto, a coordenadora da UPA do Autran Nunes, Adriana Bessa Fernandes, informa que é comum a unidade receber ouros casos. "A maioria tem perfil de posto de saúde, mas vêm pessoas com problemas com drogas, álcool e transtornos mentais. Na semana passada, a gente atendeu duas crianças vítimas de balas perdidas. Às vezes, fica impossível fazer o trabalho com a qualidade necessária. O espaço físico e o número de profissionais se tornam insuficientes", aponta a coordenadora.

Conforme ela, já foi preciso aumentar o quadro de enfermeiros, técnicos de enfermagem, clínicos gerais (emergencistas adultos) e pediatras (emergencistas infantis) da UPA do Autran Nunes, inaugurada em abril deste ano.

Ontem, o secretário Rinaldo Fernandes, 44, estava com febre e dores abdominais. Foi ao Frotinha do bairro Antônio Bezerra, mas não conseguiu atendimento. Ainda na emergência do hospital, foi orientado a procurar a UPA mais próxima. "Infelizmente, a gente fica sendo jogado de um lado para outro", reclama Rinaldo.

Na UPA da Praia do Futuro, quem se queixava era o paciente Robério Araújo, 45 anos. Ele explica que foi a um posto de saúde na Praia de Iracema, mas a unidade estava fechada. "Estou com febre e dores pelo corpo. Numa situação dessas é que a gente vê que a saúde da cidade está doente", critica.

Funcionamento

Ontem, por conta do feriado, foi ponto facultativo no serviço municipal. No que diz respeito à lotação nas UPAs 24 horas em decorrência do atendimento precário nos posto, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que todas as unidades de Fortaleza funcionam normalmente, sendo 92 postos abertos das 8 às 17 horas. Cerca de 40 atendem no terceiro turno, das 17 às 21 horas, e quase 20 funcionam nos fins de semana, quando formam equipes extras.

As quatro UPAs de Fortaleza foram construídas pelo Governo do Estado neste ano, com apoio do Ministério da Saúde. Juntas, as unidades já realizaram cerca de 272 mil atendimentos, de acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Lotação

300 pacientes por dia é a capacidade das UPAs do Autran Nunes e de Messejana. Porém, receberam 393 e 345 pessoas na quinta-feira

RAONE SARAIVAREPÓRTER 
Diário do Nordeste

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