quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Campanha orienta e incentiva a realização de testes para HIV

Em Fortaleza, é possível fazer o exame rápido durante todo o ano no CTA Carlos Ribeiro, no bairro Jacarecanga
Muito mais do que realizar testes, a mobilização nacional contra HIV, sífilis e hepatites B e C, que será realizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com estados, municípios e sociedade civil, e que terá início na próxima quinta-feira (22), servirá para conscientizar e informar. Daí o nome da campanha ser “Fique Por Dentro”. 


No Estado do Ceará, serão realizados 15 mil testes, em 14 municípios que possuem maior número de casos de Aids. Na Capital, serão feitos 2.500 exames através da iniciativa criada pelo Ministério da Saúde Foto: Marília Camelo

No Ceará, serão realizados 15 mil testes, em 14 municípios que possuem maior número de casos de Aids. Mas todas as cidades vão promover ações de conscientização, como orientação para o tratamento, prevenção da doença e distribuição de preservativos. Em Fortaleza, 18 unidades básicas de saúde, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o Centro de Saúde Meireles e o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacem) realizarão o teste. Na Capital, serão feitos 2.500 exames.
O diagnóstico precoce é de fundamental importância para o controle da Aids. Isso porque a doença hoje tem tratamento. É possível controlar por meio de medicamentos antirretrovirais.

E é objetivo do Ministério da a promoção do diagnóstico precoce através da disponibilização, durante dez dias, de teste rápidos de HIV, sífilis e hepatites, em unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento – CTA, em todo o País. A estratégia faz parte das ações que marcam o Dia Mundial de Luta contra a Aids, lembrado em 1º de dezembro, e que foi apresentada, na última terça-feira (20), pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha. 

O teste rápido resolve a demora no diagnóstico, segundo a assessora técnica do Programa Estadual DST/Aids, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Léa Barroso. Isso porque, por meio do Elisa (teste mais comum), o tempo de espera do resultado é bem maior. O mais grave problema de entrega é quando diz respeito às mulheres grávidas. “Muita gestante chega ao pré-natal sem o resultado do exame de HIV”. Com o diagnóstico precoce, a mãe passa a tomar o AZT na 14ª semana de gestação, evitando, assim, a transmissão vertical. “A chance de não contrair passa a ser de 100%”, diz a assessora. A chance de transmissão cai de 40% para menos de 1%.

Casos

Em 12 anos, o Ceará registrou 1.805 casos de Aids entre grávidas. Em 2012, foram 99 gestantes infectadas e, em 2011, 195. Apesar da redução, do ano passado até agora, os números crescem. Isso indica a ocorrência de diagnóstico. Os dados são do novo Boletim Epidemiológico Aids/DST, do Ministério da Saúde. 

A proposta da Rede Cegonha, programa do Governo Federal, é realizar testagem em toda a unidade básica. Em Fortaleza, já é possível fazer o teste rápido durante todo o ano no Centro de Testagem Carlos Ribeiro, no bairro Jacarecanga, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 16h30. 

Infectados

O que mudou no que concerne à incidência de Aids é que hoje a maioria dos infectados são heterossexuais. De acordo com a coordenadora de DST’s e Aids da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Renata Mota, a doença não é mais uma epidemia de estabilização, mas o número de casos tem aumentado. “É uma doença crônica e precisa ser tratada com tal”, comenta. 
No Ceará, entre 2000 e 2012, foram notificados 11.117 casos de Aids. Somente no ano passado, foram 1.072. De 1980 a 2011, foram 3.930 óbitos, sendo 267, em 2011, e 227, em 2010. Já em Fortaleza, a taxa de incidência de casos de Aids notificados por 100 mil habitantes foi de 25,1, no ano passado, e de 24,0, no ano de 2010. 

A coordenadora aponta que o que dificulta o diagnóstico precoce é o preconceito. “Daí entra a mobilização com papel educativo. É preciso saber como as pessoas estão exercendo a sexualidade”. Renata acrescenta que o problema da Aids são os tabus que carregamos com relação ao sexo, já que a doença está ligada à prática sexual. “Ao invés de encararmos como uma coisa ruim, precisamos enfrentar o teste de HIV como direito. Não se pode ter medo de fazer porque é necessário”, finaliza. 

FIQUE POR DENTRO
A população deve fazer os exames rápidos

Desde a sua implantação em 2005, foi registrado aumento de 340% no número de testes ofertados (de 528 mil, em 2005, para 2,3 milhões, em 2011). De janeiro a setembro deste ano, já foram distribuídas 2,1 milhões de unidades do exame. A expectativa é fechar 2012 com a remessa de cerca de 2,9 milhões, apenas para detecção do HIV.

Para a Mobilização Nacional, o Ministério da Saúde enviou às capitais, 386.890 testes rápidos para HIV, 182.500 para sífilis, 93 mil para hepatite B e 93 mil para a C. No total, foram 755.390 unidades de insumos, conforme a solicitação de cada estado. Os testes rápidos para diagnóstico de HIV/Aids, hepatites virais e sífilis estão disponíveis, gratuitamente, em toda a Rede Pública.

A realização do teste é recomendada para toda a população, especialmente para alguns grupos populacionais em situação de maior vulnerabilidade para a infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com homens (HSH) (54%), mulheres profissionais do sexo (65,1%) e usuários de drogas ilícitas (44,3%). Isso porque a epidemia no Brasil é concentrada, e o País focaliza, prioritariamente, as ações de prevenção do Governo Federal nessas populações.

Lina MoscosoRepórter 
Diário do Nordeste

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