A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, principal acelerador da mudança climática, atingiu novo recorde histórico em 2011. Segundo o último boletim anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre esses gases, divulgado nesta terça-feira (20), em Genebra, desde a era pré-industrial (1750) foram emitidos para a atmosfera cerca de 375 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, dos quais a metade permanece na atmosfera, enquanto o resto foi absorvido pelos oceanos e pela biosfera.
Os milhões de toneladas de carbono na atmosfera "permanecerão nela durante séculos, o que provocará um maior aquecimento de nosso planeta e incidirá em todos os aspectos da vida na Terra", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, ao apresentar o boletim.
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"Mesmo que parássemos as emissões amanhã, o que sabemos que não é possível, teríamos estes gases na atmosfera por milhares de anos", disse. Segundo Jarraud, não só sua concentração aumenta, mas o ritmo com que acontece se acelera cada vez mais, de maneira exponencial.
Pior ainda, os cientistas não podem assegurar que o planeta vá continuar tendo a capacidade de absorver as quantidades de carbono e outros gases que também contribuem para a mudança climática, como aconteceu até agora. "Já observamos que os oceanos estão ficando mais ácidos como consequência da absorção de dióxido de carbono, o que pode repercutir na cadeia alimentar submarina e nos recifes de coral", disse Jarraud, e afirmou que a ciência ainda não tem uma plena compreensão das interações entre esses gases, a biosfera terrestre e os oceanos.
O dióxido de carbono é o mais abundante dos gases do efeito estufa de longa duração e sua concentração atual representa 40% mais que na era pré-industrial, mas o metano e o óxido nitroso também representam um papel neste fenômeno. O primeiro gás foi responsável por 85% do "reforço radiativo" nos últimos dez anos, o metano contribuiu em 18% e o óxido nitroso em aproximadamente 6%.
Cerca de 60% do metano - cuja presença atingiu um máximo sem precedentes com 159% mais que em meados de século XVI - provém dos cultivos de arroz, da exploração de combustíveis fósseis, lixões e combustão de biomassa, assim como de ruminantes, enquanto o resto provém de fontes naturais (pântanos e cupins).
Entre as fontes do óxido nitroso também está a combustão de biomassa, assim como o uso de adubos e processos industriais, e sua presença na atmosfera representa hoje 20% mais em relação ao nível pré-industrial.
A presença de dióxido de carbono e de outros gases de longa duração com a propriedade de reter o calor são a causa do aumento de 30% do efeito de "reforço radiativo", a partir do qual se explica o aquecimento do planeta. A principal fonte de carbono em sua forma de dióxido é a queima de combustível fóssil, como petróleo e gás, e o uso da terra (desmatamento de florestas tropicais).
AS
Revista Época
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